
Invasão no plenário da Câmara dos Deputados (Marcela Mattos/Veja.com/Grupo pró-intervenção militar invade plenário da Câmara)
Um grupo de manifestantes que pediam intervenção militar
invadiu nesta quarta-feira o plenário da Câmara dos Deputados e provocou tumulto
na Casa: os intervencionistas ocuparam a Mesa Diretora e gritaram palavras de
ordem em favor da Operação Lava Jato e do juiz federal Sergio Moro. Mas o grosso
do discurso foi direcionado ao que chamaram de ‘intervenção do povo’ com a ajuda
dos militares. “General aqui”, bradava parte do grupo de cerca de setenta
pessoas. Depois de retirar jornalistas e deputados do plenário, e de esvaziar
também o Salão Verde, a Polícia Legislativa entrou no local com escudos para
retirar os manifestantes que ainda estão no local (cerca de quarenta pessoas).

Porta que dá acesso ao plenário foi quebrada (VEJA)
Os parlamentares foram pegos de surpresa pelo grupo, que
rapidamente tomou a tribuna. A porta de vidro que dá acesso ao plenário foi
quebrada e a sessão teve de ser interrompida. “Nem eu sei o que está
acontecendo. Não sei o que eles estão reivindicando”, disse Waldir Maranhão
(PP-MA), que presidia a sessão, ao sair visivelmente assustado do plenário.
Deputados
foram xingados, pelo menos um assessor foi agredido e, segundo o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), pelo menos quatro manifestantes foram detidos. Parte do grupo foi hostilizada ao ser retirada do plenário aos gritos de “fascistas” e “arruaceiros”. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que estava dentro do plenário no momento da invasão, afirmou: “O que mais pediram para mim foi intervenção militar. Defenderam a presença de um general aqui. Em seguida começaram a xingar. Estão muito alterados”.

Manifestantes invadem plenário da Câmara dos Deputados (VEJA)
Os manifestantes leram uma pauta com cerca de 50 itens, segundo
o deputado Darcisio Perondi (PMDB-RS), em que constam temas como o fim dos
supersalários. A invasão se dá no dia em que a Comissão Especial da Câmara
criada para analisar o pacote anticorrupção se reuniria para votar o
texto. “Somos contra todos os políticos”, afirmou o manifestante Jeferson Vieira
Alves. Ele nega que o movimento tenha sido articulado com outras entidades. “Sou
uma pessoa sozinha e cansada. O que nós queremos é acabar com a impunidade e a
corrupção no país”.
Pouco antes da ação do grupo, o procurador Deltan Dallangnol,
chefe da força-tarefa da Lava Jato recorrer às redes sociais para denunciar o
que chamou de manobras contra as Dez Medidas propostas pelo Ministério Público.
“Notícias dão conta de que estão acontecendo manobras de líderes partidários na
Câmara para mudar os deputados da Comissão que votariam a favor das 10 Medidas
contra a Corrupção. Isso é um desrespeito com os mais de 2 milhões de
brasileiros que assinaram o projeto de iniciativa popular. É um desrespeito com
os 200 milhões de brasileiros que querem um processo de discussão e
aperfeiçoamento legítimo no Legislativo – basta dizer que esses deputados
ouviram mais de 100 pessoas. Não é possível simplesmente trocá-los. Sentindo-me
profundamente desrespeitado, como cidadão”, escreveu.
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