Jemima Sumgong e Leul Aleme se divertem com o champanhe da vitória na São Silvestre (Foto: Marcos Riboli)
A tarefa, de quebrar o jejum de vitórias, não era nada fácil
para os brasileiros. E não foi cumprida. A 92ª edição da Corrida de São
Silvestre, com 30 mil corredores, teve na manhã deste sábado o desfecho tal como
nos últimos anos. E com direito a recorde e sprint. Desde 2011 só dá africano em
primeiro na linha de chegada para os homens. Desde 2007 só dá africana na prova
feminina. A queniana Jemima Sumgong, 31 anos, campeã olímpica da maratona na
Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, campeã da Maratona de Londres, confirmou
de forma soberana o favoritismo e dominou, do princípio ao fim, a prova
feminina. Desafiou o calor, desafiou a subida da Brigadeiro Luís Antônio,
desafiou as adversárias, desafiou o cronômetro e bateu recorde da prova, com o
tempo de 48m34 - a marca era de 48m48, da queniana Priscah Jeptoo, em 2011.
Na prova masculina, a disputa foi mais intensa e emocionante,
com os etíopes Dawit Admasu e Leul Aleme e o queniano Stephen Kosgei brigando
até a reta final pelas primeiras posições, deixando Giovani dos Santos na
quarta. Mas Leul Aleme, num sprint surpreendente nos últimos 300 metros, quando
pegou a reta final da Avenida Paulista, ficou com o primeiro lugar, com o tempo
de 44m53. Admasu terminou em segundo, e Kosgei, em terceiro. Dawit Admasu (ETI)
fez o tempo de 44m55, Stephen Kosgei (QUE), 45m00, Giovani dos Santos (BRA),
45m30, e Willian Kibor (QUE), 45m49, completando o pódio. Na prova feminina,
Flomena Cheyech, do Quênia, ficou em segundo, com 49m14, Eunice Chumba (BAH), em
terceiro, com 50m24, Ymer Ayalew (ETI), em quarto, com 51m40, e Ester Kakuri
(QUE), em quinto, com 51m45. A brasileira Tatiele Carvalho terminou em sétimo.
Num ano em que tudo deu certo, Jemima comemorou mais uma vitória, com direito a
recorde.
Soberana, Jemima Somgong cruza a faixa de chegada da São Silvestre e bate recorde da prova (Foto: Marcos Ribolli)
Giovani dos Santos e Joziane Cardoso, maiores esperanças brasileiras de
acabar com o jejum, não conseguiram superar os fortes adversários e o imenso
calor na Avenida Paulista e nas ruas de São Paulo. Giovani terminou na quarta
posição. Joziane sequer ficou no top 10. A brasileira melhor colocada foi
Tatiele Carvalho, em sétimo lugar. Com a palavra, os brasileiros: A hegemonia africana na São Silvestre começou em 1992, quando o queniano
Simon Chemwoyo deu o primeiro título ao continente - sagrou-se bicampeão no ano
seguinte. De lá para cá, foram 19 vitórias de africanos contra seis dos
brasileiros. Marilson foi o último brasileiro a vencer a disputa de 15km, em
2010, e Lucélia Peres foi a última brasileira mais rápida entre as mulheres em
2006.
Sprint de Aleme
A prova, de 15km, fechou o calendário de
2016 com 30 mil atletas de sete países na elite pelas ruas da cidade: Brasil,
Quênia, Tanzânia, Etiópia, Colômbia, Bolívia e Alemanha. Havia representantes de
35 países. Debaixo de um forte calor, a prova foi marcada por muitas homenagens
às 71 vítimas do voo da Chapecoense. Seja nas camisas, nas bandeiras, em
cartazes.
Na prova masculina, Adriano de Oliveira puxava
o pelotão de frente na altura do estádio do Pacaembu, fazendo o papel chamado de
coelho, ditando o ritmo. O termômetro de rua marcava já 28 graus - na largada, a
temperatura era de 26 graus, considerada alta para o horário. Outro brasileiro,
Reginaldo da Silva, do Cruzeiro, ultrapassou Adriano na altura da Charles
Miller.
Aleme dá o sprint final e deixa para trás Dawit Admasu e Stephen Kosgei (Foto: Marcos Riboli)
Tanto Giovani dos Santos como os maiores favoritos africanos
procuravam ficar próximos, ali num grupo pouco mais atrás dos líderes. Adriano e
Reginaldo trocavam posições até as estrelas africanas se aproximarem. Com 37
minutos de corrida, Giovani, os etíopes Dawit Admasu, o etíope Leul Aleme e o
queniano Stephen Kosgei ainda brigavam pelas primeiras posições quando os
africanos abriram e deixaram o brasileiro para trás na Brigadeiro. Na reta
final, já sob calor de 30 graus, Leul Aleme deu um show ao dar um sprint final e
deixar os outros africanos para trás.
Jemima soberanaFoi fácil, muito fácil para
a queniana Jemima Sumgong, campeã olímpica na maratona da Rio 2016, da Maratona
de Londres e grande favorita. Preocupada antes da prova com o forte calor que
faria na Avenida Paulista, ela já puxava o pelotão da frente na altura do
estádio do Pacaembu e, na altura dos 10km, abria frente para as adversárias mais
próximas. Apostou as fichas na grande experiência e forte resistência. Disparou
até na subida da Brigadeiro Luís Antônio e chegou com folga na primeira
posição.O pódio foi completado com Flomena Cheyech (QUE), em segundo, com 49m14,
Eunice Chumba (BAH), em terceiro, com 50m24, Ymer Ayalew (ETI), em quarto, com
51m40, e Ester Kakuri (QUE), em quinto, com 51m45. A brasileira Tatiele Carvalho
terminou em sétimo.
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