
O presidente Michel Temer apresenta medidas para estimular a economia no curto prazo - 15/12/2016 (ANDRESSA ANHOLETE/AFP)
Ao completar sete meses de mandato, Michel Temer perdeu
muito da pouca popularidade que tinha e é vítima de um pecado original. Ele
sabia que seus principais auxiliares seriam alcançados pela Lava
Jato, mas, mesmo assim, decidiu nomeá-los para postos-chave da
administração. O presidente confidenciava que, quando chegasse a hora, os
suspeitos seriam demitidos. A hora chegou, e nada foi feito.
Em sua última edição, VEJA revelou detalhes do acordo de delação premiada assinado por Claudio Melo
Filho,
ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht. O
executivo contou que, em 2014, em um jantar no Palácio do Jaburu, Temer pediu
uma ajuda financeira a Marcelo Odebrecht, à época presidente da empreiteira.
Levou 10 milhões de reais, que foram entregues ao ministro Eliseu
Padilha, ao assessor especial José Yunes, ao ex-deputado preso Eduardo
Cunha e ao empresário Paulo Skaf (leia reportagem na pág. 72).
Com a divulgação do conteúdo da delação, Temer convocou uma reunião de
emergência. Chamou Padilha e o secretário Moreira Franco,
acusado de pedir 4 milhões de reais em propina, além de outros assessores. Ali,
foram traçadas duas alternativas. A primeira: Padilha e Moreira deixariam o
governo a fim de estancar rapidamente a sangria presidencial. A segunda: os
governistas jurariam inocência, atacariam o vazamento da delação e se
apressariam para apresentar um conjunto de medidas econômicas, numa tentativa de
mudar o foco das atenções. Prevaleceu o entendimento de que a entrega dos anéis (a cabeça dos
assessores) não garantiria a salvação dos dedos (o mandato presidencial). Pelo
contrário, ao remover um biombo, Temer poderia ficar mais exposto. A sorte do
presidente é, ainda, sua farta musculatura política no Congresso, seu habitat.
Ali, Temer é só vitórias.
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