O juiz titular da Vara de Execuções Penais de Natal, Henrique
Baltazar Vilar dos Santos, afirma em entrevista ao GLOBO que a crise no sistema
prisional do Rio Grande do Norte é resultado de descaso histórico e que
separação de presos após rebeliões em 2015 fortaleceu o crime organizado.
Que a avaliação o senhor faz do que está acontecendo em
Alcaçuz?
- A situação do sistema prisional do Rio Grande do Norte chegou
ao fundo do poço. É consequência do descaso histórico e que piorou nos últimos
10 anos, quando pouco se fez.
A rebelião foi causada por briga de facções. O crime
organizado toma conta dos presídios do RN?
- A maioria dos presídios do estado é dominada por organizações
criminosas há quase uma década. Essas pessoas mandam e desmandam, fazem o que
querem e como querem. Desde as rebeliões de 2015, os presos de facções rivais
são separados, não dividem o mesmo ambiente. Na época isso foi feito para evitar
mortes, mas acabou fortalecendo o crime organizado.
O motim é consequência da ausência do controle do
estado nos presídio?
- Quando entram em facções, (os presos) perdem a humanidade. A
facção passa a controlar a forma de pensar, e eles viram selvagens. O estado não
cumpriu suas obrigações, e os presos enxergam na facção uma maneira de ganhar
dinheiro e profissionalizar o crime. Eles veem a violência como emponderamento,
quanto mais matam de maneira cruel, mais mostram força.
Como retomar o controle dos presídios?
- Do jeito que está não retoma. O estado pode fazer o discurso
que quiser, mas ele sabe que não tem controle na situação em que está. A solução
é resolver o problema da superlotação, porque se as cadeias tivessem a
quantidade de presos para as quais foram construídas, o estado teria condições
de fazer políticas públicas dentro delas.
É possível evitar uma chacina como esta?
Nenhum comentário:
Postar um comentário