
Governadores do Rio, Rio Grande do Sul e Minas Gerais (Adriano Machado/Reuters, Luiz Chaves/Palácio Piratini e Enerson Cleiton/Futura Press/Folhapress)
Após mais de um mês de votação, a Câmara dos
Deputados concluiu nesta quarta-feira a análise do projeto que cria um
Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para Estados em calamidade
financeira. O texto-base da proposta tinha sido aprovado em 18 de
abril, mas ainda faltava votação de destaques com sugestões de mudanças nesse
texto. O projeto já tinha passado pelo Senado, mas como foi alterado pelos
deputados, voltou para nova análise dos senadores. O RRF suspende por três anos o pagamento das dívidas dos
Estados em calamidade financeira com a União, em troca de uma série de
contrapartidas, consideradas duras e impopulares. Para entrar no regime
especial, os governos estaduais terão, por exemplo, que reduzir incentivos
fiscais, privatizar empresas estatais, congelar reajustes salariais para
servidores e deixar de realizar concursos públicos. Os Estados mais interessados
no regime são Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Nesta quarta-feira, deputados aprovaram dois destaques com
mudanças no texto-base. Um deles foi apresentado pelo PSD, partido da base
aliada, e retirou do projeto a exigência de os poderes Legislativo e Judiciário,
tribunais de contas e Ministério Público dos Estados que aderirem ao RRF
devolverem rendimentos financeiros ao Tesouro Estadual. Com a aprovação, esses
órgãos poderão manter esses recursos extras. O outro destaque aprovado foi apresentado pelo PTB, também da
base, e pedia a aprovação de emenda do deputado Giuseppe Vecci (PSDB-G).
A
emenda estabelece novo prazo de até 240 meses para Estados renegociarem dívidas
com a União baseadas em uma lei de 1993 e que as prestações da renegociação
sejam calculadas pela tabela Price, mérito usado em amortização de empréstimo
cuja principal característica é apresentar prestações iguais. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), comemorou a
conclusão da votação na Casa e previu que, no Senado, a votação será mais fácil.
“O projeto já passou por lá, com as contrapartidas, não tem problema”, afirmou. Ele disse que o presidente Michel Temer pediu ao presidente do
Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para aprovar regime de urgência para
tramitação da proposta. “Eles devem votar já na próxima terça-feira (16)”, disse
Pezão, que acompanhou todas as votações da proposta no plenário da Câmara.
Derrota
Ao longo da votação dos destaques, porém, o governo sofreu
derrotas. A principal dela aconteceu em 25 de abril, quando deputados aprovaram
a exclusão do projeto da contrapartida que exigia que Estados que entrassem no
regime especial tivessem de elevar para 14% a alíquota da contribuição
previdenciária de servidores estaduais. O destaque para derrubar a contrapartida
foi proposto pelo Solidariedade, legenda da base do governo. Um dos mais interessados na aprovação do projeto, o governador
do Rio de Janeiro minimizou a exclusão da contrapartida. De acordo com Pezão, a
maioria dos Estados interessados em aderir ao regime já aprovou ou deve aprovar
em breve aumento da contribuição da previdenciária dos servidores. O Rio Grande
do Sul, por exemplo, aprovou aumento para 14% dessa contribuição em dezembro do
ano passado.
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