
O presidente Michel
Temer (PMDB) decidiu indicar a subprocuradora-geral da
República Raquel Dodge para
suceder Rodrigo
Janot na chefia da Procuradoria-Geral
da República. Ela recebeu 587 votos e foi a segunda colocada na
votação interna feita pelo Ministério Público Federal à sucessão de Janot, que
deixa o cargo no dia 17 de setembro. O anúncio foi feito pelo porta-voz da
presidência da República, Alexandre Parola, em um rápido pronunciamento na
noite desta quarta-feira. Para que seja confirmada como a primeira
procuradora-geral da República da história do Brasil, Dodge ainda passará por sabatina e
votação no Senado. Caso a maioria simples na Casa, ou seja, 41 dos
81 senadores, aprovem seu nome, a indicação de Michel Temer será referendada.
Na lista tríplice entregue pela Associação Nacional
dos Procuradores da República (ANPR) a Temer nesta quarta-feira estavam, além
de Raquel Dodge, os nomes dos subprocuradores Nicolao
Dino, com 621 votos, e Mario
Bonsaglia, com 564 votos. Na lista tríplice de 2015, Dodge foi a
terceira mais votada, com 402 votos. Nos governos de Luiz
Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff, ambos do PT, a prática adotada sempre foi a de indicar o
primeiro colocado da lista – foi assim com Roberto Gurgel e Rodrigo Janot -,
mas estava claro que, com Temer no Planalto, Dino, o mais votado desta vez, não
seria o escolhido. Além de candidato de Rodrigo Janot, um desafeto do Planalto,
ele é irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), inimigo de José
Sarney, que ainda tem influência no PMDB. Já Raquel
Dodge tem o apoio de caciques do PMDB e é vista como uma possibilidade de
diminuir o ímpeto da Operação Lava Jato e da PGR.
A indicação dela para chefiar o Ministério Público
Federal se dá no momento em que o governo Temer, encurralado pelas delações dos executivos do Grupo J&F,
lança sua maior ofensiva contra a Lava Jato, a PGR e o Supremo Tribunal
Federal. Denunciado
ao STF por corrupção passiva, o presidente chegou a a afirmar, em
um duro pronunciamento na tarde de ontem,
que a lógica empregada na acusação do procurador-geral contra ele permitiria
sugerir que Rodrigo Janot recebeu dinheiro do ex-procurador da
República Marcello Miller, que deixou a PGR para ser advogado em um
escritório que presta serviços à JBS. Na outra ponta, conforme VEJA revelou, Michel Temer
acionou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para bisbilhotar a vida do
relator da Lava Jato e das delações da JBS no STF, ministro Edson Fachin, e
encontrar fatos que pudessem constrangê-lo.
Perfil
No Ministério Público Federal desde 1987, Raquel
Dodge é subprocuradora-geral da República junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em
matéria criminal e integra o Conselho Superior do Ministério Público. Ela teve
atuação na Operação Caixa de Pandora, que investigou o ex-governador do
Distrito Federal José Roberto Arruda,
e, em primeira instância, foi membro da equipe que processou criminalmente
Hildebrando Paschoal, o “deputado da motosserra”, e o Esquadrão da Morte. Dodge
é mestre em Direito pela Universidade de Harvard.
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