/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2017/04/19/lulasitio.jpg)
Lula e mais 12 pessoas são réus em processo da Lava Jato que investiga obras de reforma em sítio de Atibaia (Foto: Nelson Almeida/AFP e Reprodução/TV Globo)
O juiz federal Sérgio Moro,
responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, marcou, para
fevereiro de 2018, o início das audiências do processo que acusa o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de receber reformas no Sítio Santa
Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo, como propina. Ainda não há data
definida para Lula ser ouvido. O despacho é desta terça-feira (7).
Segundo o Ministério Público
Federal (MPF), Lula recebeu propina proveniente de seis contratos firmados
entre a Petrobras e a Odebrecht e a OAS. Os valores foram repassados ao
ex-presidente em reformas realizadas no sítio, dizem os procuradores. Conforme
a denúncia, as melhorias no imóvel totalizaram R$ 1,02 milhão. O ex-presidente foi denunciado por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro em maio de 2017 e se tornou réu na ação em agosto. Lula nega as acusações e diz
não ser o dono do imóvel, que está no nome de sócios de um dos filhos do
ex-presidente.
O ex-presidente afirma que todos os bens que pertencem a ele
estão declarados à Receita Federal. O processo começa com a
oitiva das testemunhas de acusação. Em seguida, são ouvidas as testemunhas de
defesa. De acordo com o juiz, os advogados do ex-presidente arrolaram 59
pessoas como testemunha de defesa. Moro questionou a defesa de
Lula sobre a possibilidade de emprestar o depoimento de algumas testemunhas.
"Deve a Defesa informar se não é viável a utilização de prova emprestada
em relação aos depoimentos já tomados desta mesmas testemunhas nos aludidos
autos", afirmou o juiz.
Após os depoimentos das
testemunhas, os réus serão ouvidos.
Testemunhas de acusação
No dia 5 de fevereiro, Moro ouve o ex-gerente da Petrobras Eduardo Costa Vaz
Musa; o ex-marqueteiro do PT João Cerqueira de Santana Filho e a mulher dele,
Mônica Regina Cunha Moura. Já no dia 7 do mesmo mês, são
ouvidos os irmãos e empresários Milton Taufic Schahin e Salim Taufic Schahin; o
ex-presidente da Braskem Carlos José Fadigas de Souza Filho; e o engenheiro
civil Frederico Marcos de Almeida Hora Barbosa.
Entenda a denúncia
A acusação trata do pagamento
de propina de pelo menos R$ 128 milhões pela Odebrecht e de outros R$ 27
milhões por parte da OAS. Conforme a denúncia, Lula foi beneficiado com parte
desse dinheiro, por meio de obras realizadas no sítio Santa Bárbara, em
Atibaia. As obras, conforme a
denúncia, serviram para adequar o imóvel às necessidades de Lula. Segundo o
MPF, a Odebrecht e a OAS custearam R$ 850 mil em reformas na propriedade.
O MPF diz que Lula ajudou as
empreiteiras ao manter nos cargos os ex-executivos da Petrobras Renato Duque,
Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada, Nestor Cerveró e Pedro Barusco, que
comandaram boa parte dos esquemas fraudulentos entre empreiteiras e a estatal,
descobertos pela Lava Jato. Todos já foram condenados em ações penais
anteriores.
Conforme a denúncia, as duas
empreiteiras foram beneficiadas em pelo menos sete contratos. Também faz parte
da denúncia o contrato de aluguel do navio-sonda Vitória 10.000, realizado pela
empreiteira Schahin, junto à Petrobras. Nesse contrato, o processo
apura um suposto pagamento de R$ 150 mil a Lula, com a ajuda do pecuarista José
Carlos Bumlai, que teria intermediado os repasses ao ex-presidente.
Departamento de propina da Odebrecht
Neste despacho em que marcou
as primeiras audiênciaas, Moro também determinou que o MPF esclareça se há
documentos ou lançamentos no sistema de contabilidade paralela da Odebrecht que
dizem respeito às reformas e benfeitorias no sítio. Ainda conforme o juiz, se
houver, o MPF deve apresentar essa documentação. A defesa de Lula pediu acesso
a essas informações porque os procuradores afirmam que os valores usados no
sítio passaram por este setor da empreiteira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário