O presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão do cargo na
manhã desta sexta-feira, 1º. Parente fez o pedido diretamente ao presidente da
República, Michel Temer, com quem está reunido em Brasília. Em carta de
demissão, ele diz que ficou “claro que sua permanência na presidência da
Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas
que o governo tem pela frente”. “Sendo assim, por meio desta carta, apresento meu
pedido de demissão do cargo de Presidente da Petrobras, em caráter irrevogável
e irretratável. Coloco-me à disposição para fazer a transição pelo período
necessário para aquele que vier a me substituir”, afirma ele.
Parente assumiu a presidência da companhia com a
missão de recuperar a empresa que tinha perdido valor de mercado e estava
mergulhada em uma crise profunda ocasionada pela política artificial de
preços adotada durante o governo da presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, já havia rumores no mercado de
que o executivo deixaria o cargo. Parente implantou em julho de 2017 uma nova
política de preços para o combustível, baseada na cotação do mercado
internacional, e era contrário à interferência do governo nas decisões da
estatal. A greve dos caminhoneiroscolocou essa política em xeque, pois os
preços do diesel e gasolina acumulam uma alta de mais de 50% desde julho do ano
passado. Desde o início da greve, Parente defendeu que não
haveria mudança na política de preços da Petrobras. Mas com o prolongamento da
paralisação, o governo acabou cedendo e oferecendo um desconto de 0,46 centavos
no preço do diesel por 60 dias. O governo negociou também uma periodicidade
maior para os reajustes do diesel na refinaria, o que contraria a política de
preços implantada por Parente. “A greve dos caminhoneiros e suas graves
consequências para a vida do país desencadearam um intenso e por vezes emocional
debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da
Petrobras sob intenso questionamento. Poucos conseguem enxergar que ela reflete
choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no País. Movimentos
na cotação do petróleo e do câmbio elevaram os preços dos derivados,
magnificaram as distorções de tributação no setor e levaram o governo a buscar
alternativas para a solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção
ao consumidor de diesel”, afirma ele na carta de demissão.
Sob a gestão de Parente, a Petrobras recuperou e
havia se tornado a maior companhia em valor de mercado da bolsa brasileira. Com
a greve, as ações da estatal desabaram e o posto foi cedido para a Ambev. Com
tantas oscilações, Parente admitiu que a credibilidade da companhia havia
sido foi afetada, mas ressaltou que qualquer medida adotada pelo governo na
área de combustíveis respeitará os conceitos da política de formação de
cotações da petrolífera de controle estatal. Ele chegou a negar, em comunicado
enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que pediria demissão do cargo. Na greve dos petroleiros, iniciada à 0h de
quarta-feira, uma das reivindicações era justamente a saída de Parente. Em
comunicado enviado hoje ao mercado, a Petrobras confirmou a saída de Parente.
“A nomeação de um CEO interino será examinada pelo conselho de administração da
Petrobras ao longo do dia de hoje. A composição dos demais membros da diretoria
executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração”, diz a nota da estatal.
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