O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte
determinou nesta terça-feira (21) a prisão preventiva da ex-chefe do gabinete
da Presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte Ana Augusta
Simas Aranha Teixeira de Carvalho. Ela foi investigada pelo Ministério Público
por supostamente comandar um esquema de desvio de dinheiro dentro do órgão,
usando “servidores fantasmas”. A ex-servidora havia sido presa no ano passado,
mas foi liberada dias depois. Ana Augusta Simas, também primeira-dama do
município de Espírito Santo, no interior potiguar, foi o principal alvo da Operação Canastra Real,
deflagrada pelo MP no dia 17 de setembro de 2018. Ela foiexonerada da chefia do
Gabinete da Presidência da AL nove dias após a ação.
Na terça (21), Câmara Criminal do TJ
decidiu por maioria de votos pela prisão. “A acusada, mesmo sabendo que estava
sendo investigada, manteve a prática delituosa, em menosprezo às leis, o que
durou cerca de dois anos e desviou mais de dois milhões de reais. E como o
Estado não tem condições de fiscalizar o alcance do delito, diante de existirem
vários envolvidos, entendo que as medidas cautelares não são suficientes para
assegurar a devida investigação”, aponta o desembargador Glauber Rêgo. “Mas, não estamos condenando ou absolvendo
ninguém. Esse entendimento, ao qual me acosto, é apenas para assegurar o devido
andamento da Ação Penal”, acrescenta o desembargador Gilson Barbosa, presidente
da Câmara.
Esquema fraudulento
A investigação apurou um esquema que teve
início em 2015 e desviou mais de R$ 2 milhões em recursos públicos na
Assembleia Legislativa Rio Grande do Norte. De acordo com o Ministério Público,
os envolvidos na fraude se utilizava de servidores fantasmas, que também foram
exonerados recentemente, para cometer os crimes. Ao todo, oito pessoas foram presas. O marido
da acusada, Fernando Luiz Teixeira de Carvalho, prefeito de Espírito Santo,
também foi detido na época, mas por porte ilegal de arma de fogo. A operação
cumpriu seis mandados de prisão e 23 de busca e apreensão nas cidades de Natal,
Espírito Santo, Ipanguaçu e Pedro Velho.
Ainda segundo as investigações, o esquema
fraudulento foi iniciado quando Ana Augusta Simas começou a indicar pessoas
para ocupar cargos na ALRN. A então chefe do Gabinete da Presidência dava o
próprio endereço residencial para constar nos assentos funcionais e nos
cadastros bancários dos servidores fantasmas por ela indicados. Cinco dos presos na operação são
ex-assessores técnicos da Presidência da Assembleia que foram indicados por Ana
Augusta, e que tinham altos salários na Casa, embora não possuíssem nível
superior.
Dama de Espadas
Os crimes investigados na operação Canastra
Real são semelhantes aos apurados na operação Dama de Espadas,
deflagrada pelo MPRN em agosto de 2015. Na Dama de Espadas, havia a
inserção de servidores fantasmas na folha de pagamento da Casa Legislativa,
seguida da expedição de 'cheques salários' em nome dos servidores, sendo
sacados por terceiros não beneficiários, com irregularidades na cadeia do
endosso ou com referências a procurações inexistentes ou não averbadas na ficha
cadastral bancária do cliente. No caso da Canastra Real, dos ex-servidores
residentes em Espírito Santo, pelo menos em alguns meses, os saques – sempre
feitos na agência bancária na ALRN – eram realizados por eles próprios.
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