JOSÉ ALDENIR/AGORA RN
O deputado estadual Gustavo Carvalho (PSDB)
defende que, em razão da atual crise econômica que aflige o Rio Grande do
Norte, o Governo do Estado adote plano de recuperação e de venda de ativos. Ele
sugere, inclusive, a comercialização de empresas públicas, como a Caern, e do
Centro de Convenções de Natal.
O parlamentar também defende a federalização
da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN). Segundo ele, em razão
do custo anual de R$ 360 milhões da instituição de ensino, o Estado deve
entregá-la para o Ministério da Educação. Em entrevista ao Agora RN, Gustavo Carvalho
também falou sobre os trabalhos do Legislativo, além das discussões de projetos
enviados pelo Estado, como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita
o teto de gastos estaduais.
*Leia a entrevista:
AGORA RN – Que avaliação o senhor faz do
governo Fátima Bezerra
GUSTAVO CARVALHO – Acho que teríamos de
já ter medidas muito mais impactantes do que as que foram tomadas pelo Poder
Executivo até agora. Se o governo não tomar providências muito maiores do que
as que vem tomando, ele vai deixar o Estado ingovernável. Acho que, até o final
do ano, poderemos comprovar (essa tese), embora eu não torça por isso.
AGORA – O senhor acha que isso está
acontecendo por falta de maturidade do governo?
GC – Eu estou sentindo o governo sorridente,
vibrante, com a vontade de quem chegou ao poder. Estão muito confiantes e ainda
festejando a chegada nesse patamar. O perigo é estarmos numa situação de
ingovernabilidade quando o governo abrir os olhos.
AGORA – O que o senhor sugeriria ao governo?
GC – O Estado precisa tomar medidas
impopulares. Não são medidas politicamente agradáveis para a sociedade, mas o
Estado precisa rever posicionamentos fortes com relação a Uern. Acho que
deveria haver uma tentativa de federalização. A Uern é cara, custa ao Estado
quase R$ 360 milhões ao ano. O Rio Grande do Norte precisa fazer também um
plano de recuperação, de venda de ativos, de venda da Caern, privatização da
Ceasa, do Centro de Convenções… o Estado moderno é isso.
AGORA – O senhor acha que o governo está
perdendo tempo com relação à reforma da Previdência?
GC – Sim. Cinco meses é muito tempo. Essa
matéria já deveria ter chegado na Assembleia. Eu não sei qual vai ser o
posicionamento da governadora em relação a essa reforma. E não sei se a reforma
de Previdência vai dar aos estados esse conforto, de não precisar mandar (a
proposta de) um aumento de alíquota (de contribuição à Previdência) para a
Assembleia. Se não houver isso, o Estado quebra.
AGORA – Qual a sua opinião em relação ao
projeto que aumenta os salários dos procuradores do Estado?
GC – Estamos em um momento de extrema
dificuldade. Não é bom. Mas o governo encaminhou isso. E, se encaminhou essa
matéria, é porque pode pagar. Então, eu não vou votar contra.
AGORA – Diante dos atrasos de salários dos
servidores, isso não é um contrassenso?
GC – Totalmente. Mas infelizmente nós
recebemos essa mensagem vinda do Executivo.
AGORA – Em relação a PEC do Teto de Gastos?
GC – Eu estou na comissão, e, inclusive,
vou presidir. Nós vamos começar a estudar essa matéria a partir de
quinta-feira, com assessoramento técnico da Casa. Depois deveremos ter uma
segunda reunião, e nós temos na instituição dessa comissão um prazo de 30 dias
para concluir o trabalho. Acho que é um prazo muito generoso.
AGORA – Sobre a Previdência. O que se discute
é a nacional, qual sua posição sobre como o RN deve participar desse processo?
GC –Se vier de cima, ótimo. Se não vier,
eu creio que a governadora vai ter que tomar uma providência e encaminhar. Ela
precisará contar com o apoio da base na Casa. Eu não tenho nenhum problema de
votar de forma favorável, porque sei que é um problema do Brasil e dos Estados.
AGORA – Qual seria, no caso do RN, o encaminhamento
para a resolução do problema?
GC – Eu acho que vai haver um acordo a
nível federal da aprovação da reforma ser extensiva também aos Estados.
AGORA – Como estão as bancadas na Assembleia?
GC –São cinco meses e a gente ainda não
conseguiu definir. Eu acho que a matéria em que poderemos definir isso será a
da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que é algo que está na Casa. Aí,
nesta votação, eu acredito que poderemos visualizar realmente o que é bancada
do Governo e de oposição.
AGORA – Como você vê o posicionamento político
da governadora frente ao Governo Federal?
GC – Ainda está prevalecendo a questão
ideológica. É muito duro para todos nós. É triste, inclusive. Eu acho que os
governos têm que, após as campanhas, desarmar os palanques. É assim que eu
penso.
AGORA – Qual avaliação que você faz hoje do
quadro político na Casa?
GC – Inerte. Não teremos eleições
estaduais no ano que vem, apenas municipais, e como a vida é uma realidade
local, essa coisa está acontecendo muito mais nos municípios do que em nível de
Estado. Acho que a Casa está muito madura, consciente do seu papel, tem
consciência da situação que vive o Estado, e o que for bom para o Governo vai
ser votado e aprovado pelos deputados.
AGORA – O que o Legislativo tem feito neste
ano e que a colocava como protagonista?
GC – A Assembleia já teve alguns gestos.
A antecipação dos royalties e a matéria da reforma do Estado – que apesar de
algo muito discreto a Casa também aprovou, mesmo eu lamentando a diminuição da
estrutura da área da Secretaria de Agricultura. A Emater sempre foi ligada à
Agricultura e está hoje na Sedraf [Desenvolvimento Rural e Agricultura
Familiar]. Acho que isso foi um equívoco – foram gestos enormes do Legislativo,
mas vejo o Governo com matérias de muito pouca eficiência em relação ao que é
necessário para o Estado.
AGORA – PT e PSDB sempre foram partidos
antagônicos nacionalmente. Mas no RN houve uma união através do presidente do
partido com a atual governadora, e isso pode ter reflexos nas eleições
municipais?
GC – Eu não acredito. Acho que o PSDB foi
maduro quando tomou a decisão de que os seus filiados e os deputados eleitos
pudessem tomar a decisão que achassem ser a mais correta. A minha posição não
foi igual à do presidente – e nem por isso perdi o respeito. Hoje o momento é
de agir.
AGORA – Mas há uma possibilidade de união no
palanque?
GC – Não, não vejo isso. Acho
contraditório. Não vejo essa possibilidade.
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