Atual Fundeb tem vigência
até 2020, por isso o debate sobre o novo fundo
Representando os 27 estados
brasileiros, a governadora Fátima Bezerra defendeu a aprovação da Proposta de
Emenda Constitucional – PEC apresentada pelos governadores para criação do novo
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb), na manhã desta quinta-feira, 30, na
Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado, em Brasília. A proposta foi entregue ao
presidente do Senado, David Alcolumbre, há duas semanas, em reunião do Forum
dos Governadores do Brasil. “Precisamos de mais investimentos, não de cortes na
educação superior nem na educação básica”, afirmou a governadora justificando
que “a educação é um dos direitos mais sagrados, porque é importante para a
conquista da cidadania”.
Fátima lembrou que foi
vice-presidente e membro da Comissão de Educação do Senado. “E presidi e
integrei a comissão de educação da Câmara dos Deputados nos 12 anos que fiquei naquela
casa”, registrou, para citar duas medidas que considera fundamentais para o
novo Fundeb e que já contam com a concordância dos governadores e dos
secretários de educação dos estados e municípios: “Precisa ser política de
estado permanente, passar a ser norma constitucional e ampliar participação
financeira da União”.
O atual Fundeb tem vigência
até 2020, por isso o debate sobre o novo fundo. Atualmente estados e municípios
devem aplicar no mínimo 25% da arrecadação na educação e o governo federal 18%.
Fátima Bezerra também
defendeu a vinculação dos recursos para a educação. “Desvinculação será um
desastre para educação, para a saúde e para as políticas sociais. Temos ainda
no Brasil um déficit de escolarização imenso. E precisamos melhorar a qualidade
do ensino e valorizar os profissionais da educação”, argumentou. Na audiência presidida pelo
senador Flávio Arns, Fátima Bezerra enfatizou que “se a PEC do novo Fundeb não
for aprovada, incluindo a complementação financeira pela união, teremos impacto
devastador aos estados e municípios”. Ela citou números para justificar sua
preocupação: “Em 2016 os estados transferiram em recursos próprios R$ 22
bilhões para o Fundeb. E a complementação da união foi de apenas R$ 12,8
bilhões”.
DESEQUILÍBRIO
Ainda citando números
oficiais, a governadora do RN justificou a proposta dos governadores, com os
valores do investimento no Fundeb em 2019. “Dos R$ 150 bilhões previstos, o
governo federal entrará com apenas R$ 14 bilhões, cerca de 10%. O restante,
mais de R$ 130 bilhões serão encargos dos estados que são o ente da federação
que mais aplicam recursos no Fundeb. Portanto, vemos que há um forte
desequilíbrio: a união entra com 10% e estados e municípios com 90% dos
recursos do Fundeb”.
A rede de educação básica no
Brasil é ofertada pelo estado (ensino médio) e municípios (ensino fundamental)
e atende quase 50 milhões de alunos. O governo federal é responsável pelo
ensino superior e técnico. “O novo Fundeb é fundamental
para elevar a qualidade do ensino, para tornar a educação básica instrumento de
desenvolvimento e também de valorização dos profissionais", registrou
Fátima Bezerra, acrescentando: “Educação não é bandeira de partido A, B ou C. É
bandeira da sociedade brasileira. Os partidos devem ter essa consciência e assumir
o compromisso de aprovar a nova proposta. Não tem mais como o Fundeb se
sustentar com apenas 10% da união”.
Ainda em defesa da proposta
dos governadores ao novo Fundeb, Fátima explicou que ela está em sintonia, além
do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e da União dos
Dirigentes Municipais de Educação (Undime), também com entidades do campo
educacional e movimentos em defesa da educação. “Esta proposta que trago foi
aprovada à unanimidade dos 27 governadores do Brasil, do Consed e da Undime e
demais entidades vinculadas à defesa da educação”. Ao finalizar sua
participação na audiência pública no Senado a governadora do RN reforçou a
defesa da PEC sugerida pelos governadores e informou que por eles foi escolhida
para encaminhar as discussões: “Volto a afirmar, é adequado transformar o
Fundeb em política de estado sem prazo de validade, incluí-lo como norma da
constituição federal e ampliar a participação da união na educação básica. Essa
ampliação propomos que seja da seguinte forma: sai dos atuais 10% para 20% no
primeiro ano de vigência e de 20 para 40% nos dez anos seguintes, incorporando
2% a cada ano, até completar os 40%”.
Presidente da Comissão de
Educação, o senador Flávio Arns afirmou que “a governadora Fátima Bezerra é uma
autoridade no assunto. Vamos prosseguir com os debates para chegar ao consenso
possível. Esta audiência foi muito interessante, os governadores estiveram
representados, o ministério da economia e os municípios. A aprovação de uma PEC
é decisão do parlamento. Uma decisão boa tem que refletir consensos, por isso
esse debate”. Para André Alencar,
representante da Confederação Nacional dos Municípios – CMN “a ideia do novo
Fundeb está consolidada. A discussão caminha para pontos consensuais. A questão
agora é ir calibrando”. O representante do
Ministério da Economia, Henrique Carvalho, disse que trabalha junto com o
Ministério da Educação para construir a melhor proposta. “O ministro Paulo
Guedes é favorável à renovação do Fundeb. Mas ainda não há proposta fechada. É
consenso no ministério da economia a renovação do Fundeb: 63% do gasto educação
básica passa pelo Fundeb - R$ 150 milhões. O Fundeb gerou conquistas inegáveis
para a sociedade”. Henrique Carvalho ainda
considerou que “o Ministério da Economia não é contrário ao aumento da
complementação pela união, mas a proposta deve indicar de onde virão esses
recursos. Precisa vir da realocação de recursos que já existem”.
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