Aprovada na
sexta-feira (12) à noite pelo Plenário da Câmara dos Deputados, a reforma da
Previdência voltou para a comissão especial para ter a redação final votada em
segundo turno. Depois de quatro dias horas de debates, os deputados aprovaram
quatro emendas e destaques e rejeitaram oito. Mais oito alterações foram
retiradas da pauta ou deixaram de ser votadas porque ficaram prejudicadas
durante a tramitação.
Confira como
está a reforma da Previdência após a aprovação em primeiro turno
Trabalhador
urbano
- Proposta do governo: idade mínima de 62 anos para mulheres e
de 65 anos para homens após o período de transição, com tempo mínimo de
contribuição de 25 anos para ambos os sexos, 10 anos no serviço público e
cinco anos no cargo.
- Comissão especial: idades mínimas mantidas, com tempo de
contribuição de 20 anos para homens e 15 anos para as mulheres.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: idades mínimas
mantidas, com tempo mínimo de contribuição de 15 anos para homens e
mulheres.
Servidor
público federal
- Proposta do governo: idade mínima de 62 anos para mulheres e
de 65 anos para homens após o período de transição, com tempo mínimo de
contribuição de 25 anos para ambos os sexos.
- Primeira versão do
relatório: idades mínimas e
parâmetros de aposentadorias regulamentados por lei complementar a partir
da promulgação da refoma.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: idades mínimas
de aposentadorias para o serviço público federal continuarão fixadas na Constituição, com demais
parâmetros definidos por lei complementar a partir da promulgação da
reforma.
Regra de
transição
- Proposta do governo: no Regime Geral de Previdência Social
(RGPS), que abrange os trabalhadores do setor privado, a proposta de
emenda à Constituição (PEC) prevê três regras de transição para o setor
privado: sistema de pontos por tempo de contribuição e por idade,
aposentadoria por tempo de contribuição para quem tem pelo menos 35 anos
de contribuição (homens) e 30 anos (mulheres) e pedágio de 50% sobre o
tempo faltante pelas regras atuais, desde que restem menos de dois anos
para a aposentadoria.Para o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), dos servidores
públicos, o texto estipula um sistema de pontuação que permitiria a
aposentadoria a partir dos 61 anos para homens e 56 anos para mulheres. A
partir de 2022, as idades mínimas subiriam para 62 anos (homens) e 57 anos
(mulheres). Nesse caso, no entanto, os servidores receberiam um valor mais
baixo. Os trabalhadores públicos que entraram até 2003 precisariam
trabalhar até 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres) para terem direito à
integralidade (último salário da ativa) e paridade (mesmos reajustes
salariais dos ativos).
- Proposta aprovada em
primeiro turno: o texto acrescentou uma regra de transição que valerá
tanto para o serviço público como para a iniciativa privada. Os
trabalhadores a mais de dois anos da aposentadoria terão um pedágio de
100% sobre o tempo faltante para ter direito ao benefício, desde que
tenham 60 anos (homens) e 57 anos (mulheres) e 35 anos de contribuição
(homens) e 30 anos de contribuição (mulheres). No caso dos servidores
públicos que entraram antes de 2003, o pedágio dará direito à
integralidade e à paridade.
Gatilho na
idade mínima
- Proposta do governo: Constituição definiria um gatilho
automáticoque elevaria as idades mínimas de quatro em quatro anos
conforme o aumento da expectativa de vida.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: relator retirou o mecanismo de ajuste. Novas alterações das
idades mínimas terão de exigir mudança na Constituição.
Aposentadoria
rural
- Proposta do governo: idade mínima de 60 anos para a
aposentadoria de homens e mulheres, com 20 anos de tempo de contribuição
para ambos os sexos.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: tema retirado na
comissão especial. Mantidas as regras atuais, com 55 anos para mulheres e
60 anos para homens, incluindo garimpeiros e pescadores artesanais. Apenas
o tempo mínimo de contribuição para homens sobe para 20 anos, com a
manutenção de 15 anos para mulheres.
Professores
- Proposta do governo: idade mínima de 60 anos de idade para a
aposentadoria de homens e mulheres, com 30 anos de tempo de contribuição.
- Primeira versão do
relatório: idade mínima
de 57 anos para mulheres e 60 anos para homens, com
definição de novos critérios por lei complementar. Regra vale para
professores do ensino infantil, fundamental e médio.
- Comissão especial: professoras terão integralidade (aposentadoria com último salário
da ativa) e paridade (mesmos reajustes que trabalhadores da ativa) aos 57
anos. Professores só terão esses direitos a partir dos 60 anos, com
pedágio de 100% sobre o tempo que falta para aposentar-se. Destaque que
retiraria os professores da reforma foi rejeitado.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: idade
mínima de aposentadoria reduzida para 55 anos (homens) e 52 anos
(mulheres), com cumprimento do pedágio de 100%. Benefício vale para
professores federais, da iniciativa privada e dos municípios sem regime
próprio de Previdência. Destaque aprovado após acordo entre governo e
oposição.
Capitalização
- Proposta do governo: Constituição viria com autorização para
lei complementar que instituirá o regime de capitalização.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: tema retirado antes da divulgação da primeira
versão do relatório na comissão especial.
Benefício de
Prestação Continuada (BPC)
- Proposta do governo: idosos de baixa renda receberiam R$ 400
a partir dos 60 anos, alcançando um salário mínimo somente a partir dos
70.
- Primeira versão do
relatório: proposta
retirada, com manutenção de um salário mínimo para idosos pobres a partir
dos 65 anos.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: inclusão
de medida para combater fraudes no BPC, com
especificação na Constituição de renda familiar per capita de
até um quarto do salário mínimo a partir dos 65 anos para ter direito ao
benefício.
Pensão por
morte
- Proposta do governo: pensão por morte começaria em 60% do
salário de contribuição, aumentando 10 pontos percentuais por dependente
até chegar a 100% para cinco ou mais dependentes. Retirada da pensão de
100% para dependentes com deficiências intelectuais ou mentais. Apenas dependentes
com deficiências físicas receberiam o valor máximo.
- Primeira versão do
relatório: mantém nova
fórmula de cálculo, mas garante pensão de pelo menos um salário mínimo
para beneficiários sem outra fonte de renda na família. Pagamento de 100%
para beneficiários com dependentes inválidos (deficiência física,
intelectual ou mental) e para dependentes de policiais e agentes
penitenciários da União mortos por agressões em serviço.
- Comissão especial: pensões de 100% para policiais e agentes
penitenciários da União serão pagas por morte em qualquer
circunstância relacionada ao trabalho, como acidentes de trânsito e
doenças ocupacionais, demais pontos da primeira versão mantidos.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: garante pensão
de pelo menos um salário mínimo para beneficiários
sem outra fonte de renda, retirando a exigência de comprovação de
renda dos demais membros da família. Destaque aprovado por meio de acordo
da bancada feminina.
Abono
salarial
- Proposta do governo: pagamento restrito aos trabalhadores
formais que ganham um salário mínimo, contra dois salários mínimos pagos
atualmente.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: pagamento aos
trabalhadores de baixa renda (até R$ 1.364,43 em valores atuais).
Salário-família
e auxílio-reclusão
- Proposta do governo: pagamento restrito a beneficiários com
renda de um salário mínimo.
- Proposta aprovada: pagamento a pessoas de baixa renda (até R$
1.364,43 em valores atuais).
Cálculo de
benefícios
- Proposta do governo: benefício equivalente a 60% da média as
contribuições em toda a vida ativa, mais dois pontos percentuais por ano
que exceder os 20 anos de contribuição.
- Primeira versão do
relatório: redação abriu
brecha para exclusão de contribuições “prejudiciais ao cálculo do
benefício”, que poderia anular toda a economia com a reforma da
Previdência.
- Segunda versão do
relatório: redação mais
clara para retirar brecha e retomar
a fórmula original proposta pelo governo.
- Comissão especial: inclusão de parágrafo no Artigo 27 para
eliminar falha que faria trabalhador que tenha contribuído por mais de 20
anos, porém com salário menor a partir do 21º ano, conquistar
aposentadoria menor do que segurado que tenha contribuído por apenas 20
anos.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: valor da
aposentadoria de mulheres da iniciativa privada começará a subir dois
pontos percentuais por ano que exceder 15 anos de contribuição.
Aposentadoria de homens só começará a subir depois de 20 anos de
contribuição. Mudança permite a mulheres receber aposentadoria de 100% do
salário médio com 35
anos de contribuição, cinco anos antes dos homens
Reajuste de
benefícios
- Proposta do governo: eliminava trecho da Constituição que
preservava a reposição das perdas da inflação.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: manutenção do
reajuste dos benefícios pela inflação.
Contagem de
tempo
- Proposta do governo: PEC não abordava assunto.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: parágrafo
que impede
a contagem de tempo sem o pagamento das contribuições.
Recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que os juízes
podem considerar, no tempo de contribuição, os anos em que exerciam a
advocacia e não contribuíam para a Previdência.
Estados e
municípios
- Proposta do governo: PEC valeria automaticamente para
servidores dos estados e dos municípios, sem necessidade de aprovação
pelos Legislativos locais.
- Primeira versão do
relatório: retirada de
estados e municípios da PEC, com a possibilidade de reinclusão dos
governos locais por meio de emenda na comissão especial ou no plenário da
Câmara.
- Segunda versão do
relatório: autorização para
que estados e municípios aumentassem temporariamente a alíquota
de contribuição dos servidores para cobrir o rombo nos regimes
locais de Previdência, sem a necessidade de aprovação dos Legislativos
locais.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: autorização
retirada, todos os pontos da reforma da Previdência precisarão ser
aprovados pelos Legislativos locais para valerem nos estados e nos
municípios.
Incorporação
de adicionais
- Proposta do governo: PEC não abordava assunto.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: extensão aos
estados e municípios da proibição de incorporar adicionais por cargo de
confiança ou em comissão ao salário dos servidores, vedação que existe em
nível federal.
Acúmulo de
benefícios
- Proposta do governo: limite para acúmulo de benefícios a 100%
do benefício de maior valor, somado a um percentual da soma dos demais,
começando em adicional de 80% para um salário mínimo e caindo para 0%
acima de benefícios de mais de quatro salários mínimos. Médicos,
professores, aposentadorias do RPPS ou das Forças Armadas ficam fora do
limite por terem exceções estabelecidas em lei.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: altera para 10%
adicional para benefícios acima de quatro salários mínimos, mantendo os
demais pontos.
Encargos
trabalhistas
- Proposta do governo: possibilidade de incidir desconto para a
Previdência sobre vale-alimentação, vale-transporte e outros benefícios
trabalhistas.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: tema retirado.
Policiais que
servem à União
- Proposta do governo: a categoria (que abrange policiais
federais, policiais rodoviários federais, policiais legislativos e agentes
penitenciários federais, entre outros) se aposentará aos 55 anos de
idade, com 30 anos de contribuição e 25 anos de exercício efetivo na
carreira, independentemente de distinção de sexo.
- Texto-base da comissão
especial: depois de
tentativas de acordo para reduzir a idade mínima para 52 anos (mulheres) e
53 anos (homens) para policiais e agentes de segurança em nível federal, o
relator manteve
a proposta original do governo.
- Proposta aprovada na
comissão especial: destaque para
reinstituir condições diferenciadas para categoria derrubado
na comissão especial.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: volta da idade
mínima de 53 anos para homens e 52 anos para mulheres para o
policial que cumprir 100% do pedágio sobre o tempo que falta para se
aposentar pelas regras atuais. Destaque aprovado após acordo entre
partidos do governo, do centrão e da oposição.
Policiais
militares e bombeiros
- Proposta do governo: a categoria teria as mesmas regras das
Forças Armadas, com 35
anos de contribuição, com contagem de tempo no RGPS e possibilidade de
que policiais e bombeiros na reserva trabalhem em atividades civis.
- Comissão especial: aprovação de destaque para que
aposentadorias de policiais militares e bombeiros permaneçam sob a
responsabilidade dos estados. Mudança beneficia categoria porque, em
alguns estados, eles aposentam-se com menos de 35 anos de contribuição,
como proposto pelo projeto que trata da Previdência das Forças Armadas.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: policiais
militares e bombeiros continuam fora da reforma.
Judicialização
- Proposta do governo: concentração, na Justiça Federal em
Brasília, de ações judiciais contra a reforma da Previdência..
- Comissão de
Constituição e Justiça: tema
retirado, após questionamentos
de partidos do centrão, mas com autorização para que lei federal
autorize julgamentos na Justiça Estadual quando não houver Vara Federal no
domicílio do segurado.
- Comissão especial: retirada autorização para julgamentos
pelos tribunais estaduais.
- Proposta aprovada em primeiro
turno: autorização de
julgamentos na Justiça
Estadual restabelecida por meio de emenda articulada pela bancada
feminina.
Aposentadoria
de juízes
- Proposta do governo: PEC não abordava assunto.
- Proposta aprovada: retirada da Constituição da
possibilidade de pena disciplinar de aposentadoria compulsória para juízes
e parágrafo que impede contagem de tempo de contribuição para juízes que
não contribuíram com a Previdência enquanto exerceram a advocacia.
Fundo de Amparo
ao Trabalhador (FAT)
- Proposta do governo: PEC não abordava assunto.
- Primeira versão do
relatório: repasse de 40%
das receitas do FATpara a Previdência Social, equivalente a R$ 214
bilhões em dez anos. Atualmente esses recursos vão para o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
- Comissão especial: relator
desistiu de remanejar recursos do BNDES após críticas de
congressistas e da equipe econômica de que mudança de destinação não
melhoraria as contas públicas.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: tema retirado.
Tributo para
bancos
- Proposta do governo: PEC não abordava assunto.
- Primeira versão do
relatório: elevar de 15%
para 20% a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das
instituições financeiras, retomando a alíquota que vigorou de 2016 a 2018.
- Segunda versão do
relatório: retirada
da B3 (antiga Bolsa de Valores de São Paulo) do aumento da
tributação, elevação de 15% para 17% da alíquota para cooperativas de
crédito.
- Proposta aprovada em
primeiro turno: relator
restringe aumento a bancos
médios e grandes. As demais instituições financeiras continuarão a
pagar 15% de CSLL. Mudança deve render em torno de R$ 50 bilhões em dez
anos.
Fim de
isenção para exportadores rurais
- Proposta do governo: PEC não abordava assunto.
- Texto-base: fim
da isenção da contribuição previdenciária de 2,6% sobre a
comercialização da produção agrícola de exportadores rurais. Mudança
renderia R$ 83,9 bilhões em uma década.
- Comissão especial: aprovado
destaque para manter o benefício fiscal. Destaque também retirou trava
que impedia o perdão da dívida do Funrural, contribuição paga pelo
produtor rural para ajudar a custear a aposentadoria dos trabalhadores.
- Proposta aprovada em primeiro turno: tema retirado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário