
O Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu ONTEM, (7) contra a validade da
execução provisória de condenações criminais, conhecida como prisão após
a segunda instância. Por 6 votos a 5, a Corte reverteu seu próprio
entendimento, que autorizou as prisões, em 2016.
Com a decisão, os condenados
que foram presos com base na decisão anterior poderão recorrer aos juízes
que expediram os mandados de prisão para serem libertados. Segundo o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o julgamento terá impacto na situação
de 4,8 mil presos. Os principais condenados na
Operação Lava Jato podem ser beneficiados, entre eles, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril do ano passado, na
Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, após ter sua
condenação por corrupção e lavagem de dinheiro confirmada pelo Tribunal
Regional Federal da 4ª Região (TRF4), no caso do tríplex do Guarujá (SP), além
do ex-ministro José Dirceu e ex-executivos de empreiteiras. Segundo o Ministério
Publico Federal (MPF), cerca de 80 condenados na operação serão atingidos.
Votos
Após cinco sessões de
julgamento, o resultado foi obtido com o voto de desempate do presidente
da Corte, ministro Dias Toffoli. Segundo o ministro, a vontade do Legislativo
deve ser respeitada. Em 2011, uma alteração no Código
de Processo Penal (CPP) definiu que "ninguém será preso, senão em
flagrante delito ou em decorrência de sentença condenatória transitada em
julgado. De acordo com Tofolli, a norma é constitucional e impede a prisão
após a segunda instância. "A vontade do legislador,
a vontade do Parlamento, da Câmara dos Deputados e do Senado da República foi
externada nesse dispositivo, essa foi a vontade dos representantes do povo,
eleitos pelo povo.", afirmou.
Durante todos os dias do
julgamento, os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto
Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia votaram a favor da prisão
em segunda instância. Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber,
Gilmar Mendes e Celso de Mello se manifestaram contra.
Entenda
No dia 17 de outubro, a
Corte começou a julgar definitivamente três ações declaratórias de
constitucionalidade (ADCs), relatadas pelo ministro Marco Aurélio e
protocoladas pela Ordem dos Advogados, pelo PCdoB e pelo antigo PEN, atual
Patriota. O entendimento atual do
Supremo permite a prisão após condenação em segunda instância, mesmo
que ainda seja possível recorrer a instâncias superiores.
No entanto, a OAB e
os partidos sustentam que o entendimento é inconstitucional e uma sentença
criminal somente pode ser executada após o fim de todos os recursos possíveis,
fato que ocorre no STF e não na segunda instância da Justiça, nos
tribunais estaduais e federais. Dessa forma, uma pessoa condenada só vai
cumprir a pena após decisão definitiva do STF. A questão foi discutida
recentemente pelo Supremo ao menos quatro vezes. Em 2016, quando houve decisões
temporárias nas ações que estão sendo julgadas, por 6 votos a 5, a prisão
em segunda instância foi autorizada. De 2009 a 2016, prevaleceu o entendimento
contrário, de modo que a sentença só poderia ser executada após o Supremo
julgar os últimos recursos.
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