
A
proposta de reforma da Previdência que o Governo do Estado discute com os seus
servidores tem potencial para reduzir em até 20% o déficit previdenciário do
Rio Grande do Norte, hoje estimado em R$ 1,5 bilhão por ano. Segundo
a equipe econômica do governo, caso sejam aprovadas na íntegra pela Assembleia
Legislativa, as novas regras para aposentadorias e pensões podem resultar em
uma economia de até R$ 300 milhões em um ano. O dinheiro daria para pagar mais
da metade de uma folha salarial mensal. O
secretário estadual de Tributação, Carlos Eduardo Xavier, explica que a reforma
não resolveria o déficit previdenciário, mas atenuaria o problema. “Neste
momento, com a atual configuração de servidores, nenhuma reforma vai solucionar
o déficit. O que a gente está procurando é dar viabilidade ao sistema”, afirmou
nesta segunda-feira (27), em entrevista ao programa Manhã Agora, da 97 FM.
Atualmente,
54% dos servidores públicos do Estado estão na inatividade no Rio Grande do
Norte, sendo que a maioria não contribui para o regime previdenciário. A
proporção está longe da ideal, que seria de no máximo 25% de inativos. “O
quadro é catastrófico. E a gente tem uma projeção que, daqui a cinco anos, esse
número, de 54%, passaria para 65%”, completa Carlos Eduardo. Com
cada vez mais servidores se aposentando – e o Estado impedido de contratar
novos servidores porque a despesa com pessoal está acima dos limites impostos
pela Lei de Responsabilidade Fiscal –, a saída encontrada pelo governo foi
elevar a alíquota de contribuição dos que ainda estão na ativa e reduzir a
isenção da cobrança para quem já está aposentado. “Em
regra, o servidor se aposenta e deixa de contribuir para a previdência
estadual. Isso é uma bomba-relógio. Vai reduzindo a receita e aumentando a
despesa”, afirma o secretário. Hoje,
aposentados e pensionistas que recebem abaixo do teto previdenciário (que
passará para R$ 6.101,05 em 2020) estão isentos de contribuição para o regime.
Inicialmente, o governo cogitou taxar em 11% quem ganha entre um salário mínimo
(R$ 1.045,00) e o teto, mas a governadora Fátima Bezerra determinou que a faixa
de isenção fosse maior.
De
acordo com o secretário de Tributação, como a faixa de isenção para os inativos
será elevada de um salário mínimo para um valor ainda a ser definido, será
preciso criar uma compensação para que a reforma tenha impacto fiscal
significativo. Para
isso, a equipe econômica avalia propor aumentar a contribuição de servidores
que estão na ativa e que ganham abaixo do teto. Hoje, esse grupo contribui com
11% sobre a remuneração bruta e, pela primeira proposta do governo, não teriam
a contribuição alterada. “Podemos aumentar de 11% para 12%, por exemplo”,
comentou Carlos Eduardo Xavier. Para
os demais grupos de servidores, que ganham acima do teto, a proposta do governo
continua sendo a de alíquotas progressivas, variando de 14% a 18%. Nesta
proposta, quem recebe salários maiores daria maiores contribuições para a
Previdência. Além
de aumentar as alíquotas de contribuição de servidores da ativa, aposentados e
pensionistas, o governo também avalia estabelecer nova idade mínima para
obtenção de benefícios e promover mudanças nas regras de pensão e tempo de
contribuição. A
expectativa é que a proposta de reforma da Previdência seja formalizada na
próxima quinta-feira (30), quando acontece uma nova reunião com os servidores.
Antes do anúncio oficial, a proposta da equipe econômica ainda passará pelo
crivo da governadora Fátima Bezerra – provavelmente nesta terça-feira (28).
Servidores
programam greve geral
Antes
mesmo de o Governo do Estado formalizar a proposta, os servidores já repudiam a
reforma da Previdência estadual. Dois
dos maiores sindicatos que representam parcelas do funcionalismo convocaram uma
“greve geral” contra a reforma para a semana que vem, entre segunda (3) e
terça-feira (4). Manifestações para a frente da Assembleia Legislativa também
foram anunciadas. Confirmaram
participação no ato o Sindicato dos Servidores da Administração Direta (Sinsp)
e o Sindicato dos Professores (Sinte). “Déficit
previdenciário é um câncer, e a gente precisa fazer quimioterapia, tratar a
doença” O
secretário de Tributação, que tem participado da elaboração do projeto de
reforma da Previdência, faz uma defesa enfática da proposta. Segundo ele, o
déficit financeiro do regime próprio do RN é um “câncer” que precisa ser
enfrentado. “O
déficit previdenciário é um câncer, e a gente precisa fazer a quimioterapia,
tratar essa doença. E o tratamento vem com efeitos colaterais para os
servidores. Mas, se a gente não der esse tratamento, o déficit vai só
aumentar”, argumentou Carlos Eduardo Xavier, ainda na entrevista à 97 FM.
As
mudanças, frisa o secretário, estão sendo discutidas no âmbito do Fórum dos
Servidores, diferentemente de outros estados, onde a proposta foi encaminhada
diretamente para a Assembleia Legislativa, sem diálogo com os funcionários
públicos. “A
governadora Fátima Bezerra tem origem democrática. Nesse momento, ela não iria
trair as origens dela. Por determinação dela, chamamos os servidores para fazer
esse debate, mesmo com necessidade de aprovação rápida do projeto. Na próxima
reunião, a gente espera apresentar esse texto e, mais uma vez, fazer esse
diálogo com os servidores. E as contribuições que a gente puder colocar no
texto, desde que não comprometa a reforma, vamos adotar sim”, finalizou. O
Governo do Estado espera encaminhar a proposta de reforma da Previdência para a
Assembleia Legislativa na semana que vem. Os deputados voltam do recesso
parlamentar na terça-feira (4). O Estado tem até 31 de julho para aprovar sua
reforma, sob pena de perder o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP)
– o que impediria o recebimento de transferências voluntárias da União, entre
outras punições.
*1ª
proposta
*Servidores
da ativa
De R$ 1.045,00 a R$ 6.101,05: 11%
Entre R$ 6.101,06 e R$ 10.000,00: 14%
Entre R$ 10.000,01 e R$ 20.000,00: 16%
Acima de R$ 20.000,01: 18%
De R$ 1.045,00 a R$ 6.101,05: 11%
Entre R$ 6.101,06 e R$ 10.000,00: 14%
Entre R$ 10.000,01 e R$ 20.000,00: 16%
Acima de R$ 20.000,01: 18%
*Inativos
Até R$ 1.045,00: Isento
Entre R$ 1.045,01 e o teto: 11%
Acima do teto: progressiva (14% a 18%)
Até R$ 1.045,00: Isento
Entre R$ 1.045,01 e o teto: 11%
Acima do teto: progressiva (14% a 18%)
*Proposta
avaliada agora
*Servidores
da ativa
De R$ 1.045,00 a R$ 6.101,05: 12% ou mais
Entre R$ 6.101,06 e R$ 10.000,00: 14%
Entre R$ 10.000,01 e R$ 20.000,00: 16%
Acima de R$ 20.000,01: 18%
De R$ 1.045,00 a R$ 6.101,05: 12% ou mais
Entre R$ 6.101,06 e R$ 10.000,00: 14%
Entre R$ 10.000,01 e R$ 20.000,00: 16%
Acima de R$ 20.000,01: 18%
*Inativos
Faixa de isenção a ser definida
Acima da faixa de isenção até o teto: 11%
Acima do teto: progressiva (14% a 18%)
Faixa de isenção a ser definida
Acima da faixa de isenção até o teto: 11%
Acima do teto: progressiva (14% a 18%)
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