O complexo de Oiticica, no
município de Jucurutu, é a maior obra de infraestrutura hídrica do estado e a
quinta maior do Brasil que pretende levar água de qualidade para mais de 800
mil pessoas. A construção de uma barragem não se limita a uma obra apenas. Além de todo o
trabalho que tem sido realizado no Complexo, como a construção da parede do
reservatório e das casas novas para realocar a comunidade de Barra de Santana,
tem muito mais gente trabalhando em volta. A razão: minimizar ao máximo os
possíveis impactos ao meio ambiente. Nesse sentido, a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do RN
(Semarh) vem realizando um trabalho integrado que tem atuado em várias frentes.
Na atual fase de supressão vegetal, onde é feita a retirada do material
orgânico da área que será inundada, visando a melhor qualidade de água possível
a ser armazenada no novo reservatório, não seria diferente. Para garantir que os efeitos sobre a fauna da região sejam reduzidos ao máximo
e compensados da melhor forma, animais são resgatados por profissionais qualificados
para isso. Uma equipe de biólogos acompanha todo o processo de retirada da
vegetação nativa com o objetivo de preservar a fauna local. Além da preservação
do meio ambiente, a conscientização das populações do entorno da obra
(promovida por um longo processo de mobilização local), contribuíram nessa
operação.
Desde o início das atividades do programa em novembro de 2019 até junho desse
ano foi contabilizado pela equipe de biológos um total de 346 registros, dos
quais 43 foram de afugentamento, 59 de proteção/isolamento de ninhos e colmeias
de abelhas, 243 resgates de animais vivos e um de animal encontrado morto que
foi coletado e descartado. No caso da proteção e isolamento da área de ninhos, a equipe acompanhou o
desenvolvimento dos ovos, crescimento dos filhotes e abandono do ninho dos
filhotes já crescidos. Já as colmeias permanecem isoladas até a sua remoção e
translocação por apicultores da região. Entre os animais salvos nos resgates ou afugentados para corredores que levam à
área de preservação ambiental da região, estavam várias espécies de cobras
(jiboia, corre-campo, cascavel, jararaca, falsa-coral, corredeira, muçurana,
cobra-verde), 18 espécies de aves, além de calango-cego, tejús, iguanas, pebas,
lagartos, ratos-de-fava, cuícas, preás, pererecas, sapos, morcegos,
gato-do-mato, gato-mourisco e jaguatirica.
O resgate da espécie Leopardus tigrinus (gato-do-mato) e o
afugentamento do Leopardus pardalis (jaguatirica) e do Herpailurus
yagouaroundi (gato-mourisco) reforçam a importância da execução do
Programa de Afugentamento, Salvamento e Resgate da Fauna Silvestre, haja visto
que o L. tigrinus e H. yagouaroundi são
espécies consideradas ameaçadas de extinção em nível nacional. Para além disso,
por serem predadores de topo de cadeia alimentar, essas espécies exercem um
importante papel nos ecossistemas nos quais estão inseridos. As atividades desenvolvidas vêm atingindo seus objetivos, que é a salvaguarda
de indivíduos da fauna silvestre, uma vez que as ações de proteção a fauna
estão conseguindo manter uma baixa mortalidade (0,3%) durante as atividades de
supressão vegetal. “Desenvolvimento Sustentável é aquilo que supre as necessidades do presente sem
afetar a capacidade de desenvolvimento das gerações futuras. Isso significa
pensar em obras sociais com respeito à natureza”, enfatizou o secretário de
estado de meio ambiente e recursos hídricos, João Maria Cavalcanti. “É assim
que trabalhamos: com a consciência que essas obras devem respeitar o meio
ambiente e com a certeza que as gerações futuras herdarão a natureza que nós
conservarmos”, completou o titular da pasta da Semarh.
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terça-feira, 14 de julho de 2020
OITICICA/RN: TRABALHO COORDENADO PELA SEMARH GARANTE PRESERVAÇÃO DA FAUNA LOCAL
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