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domingo, 19 de setembro de 2021

OS 100 ANOS DE PAULO FREIRE, SEU NOME E SEU MÉTODO CONTINUAM MOBILIZANDO A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

 

O educador Paulo Freire não é ponto pacífico quando o tema é Educação. Atacado por alas mais radicais, vai e volta seu nome ressurge na cena mobilizando opiniões. Apesar disso, o advogado pernambucano que dedicou sua vida a pensar uma filosofia própria para a sofrida educação brasileira segue movimentando o pensamento progressista e o chão da escola, mesmo depois de 100 anos de seu nascimento, completados hoje, 19 de setembro. NPaulo Reglus Neves Freire nasceu no bairro Casa Amarela, Recife (PE) em 1921. Filho do natalense Joaquim Themístocles Freire e de Edeltrudes Neves Freire, foi o caçula de quatro. Antes tinham nascido Stela, Armando e Temístocles. Até os 11 anos, viveu bem, quando precisou se mudar para Jaboatão dos Guararapes, na grande Recife, devido a problemas financeiros ocasionados pela doença do pai, que precisou se aposentar, morrendo poucos anos depois. A partir daí, a vida de sua família foi marcada por muitas dificuldades, inclusive fome.


Paulo Freire e o governador Aluízio Alves em 1960

Começou a ser alfabetizado em casa e nas escolinhas do bairro. Em 1937 ganhou uma bolsa de estudos no Colégio Oswaldo Cruz, em Recife, de propriedade de Aluízio Pessoa de Araújo, pai de Nita Freire. Foi neste lugar que o jovem Paulo se encontrou como professor e onde conquistou as primeiras oportunidades de lecionar. Em 1943, entrou na Faculdade de Direito do Recife, se formando em 1947, mas abandonou a profissão no primeiro caso. Ainda em 1947, foi convidado para o Serviço Social da Indústria (SESI), onde trabalhou por longos anos. No final de 1950, testa seu método de alfabetização de adultos pela primeira vez, mas vai implantá-lo mesmo em 1963 na ação que é comumente chamada de “As 40 horas de Angicos”, aqui no RN. Esta ação, mobilizada pelo então secretário de Educação do Estado, Calazans Fernandes, no governo Aluízio Alves, contou com a participação dos estudantes da Universidade do Rio Grande do Norte que após ser federalizada em 18 de dezembro de 1960 passa a se chamar UFRN. No grupo de coordenadores havia estudantes de Direito, Filosofia, Odontologia e Farmácia. O coordenador era o advogado e ex-secretário de Educação do RN, Marcos Guerra. Em 40 dias, a equipe sob os cuidados de Paulo Freire mobilizou a alfabetização de 300 pessoas em Angicos e outras milhares em Mossoró, Caicó e Natal. A proposta repercutiu internacionalmente, atraindo a presença de correspondentes dos principais jornais do mundo. O encerramento em Angicos contou com a participação do presidente da república João Goulart que organizou com Freire um grande movimento de alfabetização nacional, que não se concretizou. 

Com a instalação da Ditadura Militar, Freire se exilou na Bolívia, depois no Chile e, em seguida, na Áustria. Só conseguiu voltar ao Brasil em 1980. Em 1989, assumiu por dois anos a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, no governo de Luiza Erundina, onde implantou o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), depois transformado em Educação de Jovens e Adultos (EJA). Foi casado com a educadora Elza Freire por 42 anos, até sua morte em 1986. Ela teve cinco filhos: Madalena, Cristina, Fátima, Joaquim e Lutgardes. Em 1987, casa-se com Nita Freire, atual herdeira de seu legado intelectual. Paulo Freire morreu dormindo na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, às 6h30 da manhã, do dia 2 de maio de 1997, aos 75 anos, vítima de infarto. Paulo Freire publicou muitas obras importantes para a Educação, sendo a mais referenciada “Pedagoria do Oprimido (1974)”. Por meio de proposta da deputada federal Luiza Erundina, a Câmara e o Senado aprovaram por unanimidade e a presidenta Dilma Rousseff sancionou, no dia 13 de abril de 2012, a lei 12.612 que institui Paulo Freire patrono da educação brasileira.

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