Os salários de políticos e
juízes superam em até 66 vezes a renda média do brasileiro, segundo o Índice de
Disparidade Salarial (IDS) produzido pela Associação Livres e divulgado
nesta quinta-feira, 19.
O levantamento inédito cruza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE com a remuneração das autoridades do setor público nas esferas municipal, estadual e federal. Os dados apontam para uma desigualdade estrutural do Estado brasileiro, reproduzida em todas as regiões e em todos os níveis de poder –Executivo, Legislativo e Judiciário.
Abismo
O abismo entre a remuneração
dos representantes públicos e os ganhos dos cidadãos é ainda maior entre os
membros do Judiciário, onde muitos deles gozam de salários acima do teto
constitucional do funcionalismo com o uso de verbas indenizatórias.Enquanto dezenas de milhões de
brasileiros batalham para sobreviver com menos de dois salários mínimos por
mês, em 2025, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) registrou mais de 63 mil
pagamentos acima de R$ 100 mil a membros do Judiciário, com juízes e desembargadores.
Os ministros do STF tem
remuneração 22 vezes maior que a renda média dos brasileiros
No âmbito federal, os
magistrados dos tribunais superiores recebem salários brutos mensais na casa
dos R$ 46 mil, enquanto juízes federais e procuradores da República têm
vencimentos próximos ou acima de R$ 37 mil. A renda domiciliar per capita
da população brasileira é de R$ 2.069. “A disparidade social não é
uma novidade no Brasil, mas quando fazemos um recorte e olhamos para os padrões
de renda do nosso setor público, sobretudo para o alto escalão deste segmento,
uma realidade alarmante vem à tona”, pontua Magno Karl, diretor executivo da
Associação Livres.
Discrepância
O estudo mostra ainda que a
discrepância de renda se acentua no topo do poder público. O presidente da
República e os deputados federais ganham R$ 44.008,52 por mês. Nos Estados mais
pobres, como Alagoas e Acre, isso representa entre 41 e 47 vezes a renda média
local.
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