O Governo do Rio Grande do
Norte analisa a possibilidade de decretar situação de emergência por causa da
seca. O Gabinete Civil solicitou relatórios a órgãos como Caern, Emparn,
Semarh, Igarn e outros para embasar a decisão. O levantamento reúne informações
sobre chuvas, abastecimento e nível dos reservatórios. Ainda não há prazo para
a definição. A última vez que o Estado publicou decreto semelhante foi em
dezembro de 2021.
De acordo com documento
entregue pela Caern na última terça-feira (19), dez municípios podem entrar em
colapso hídrico até janeiro de 2026, o que pode afetar mais de 108 mil pessoas.
Ouro Branco, Jardim do Seridó e Carnaúba dos Dantas já correm risco de desabastecimento
a partir de setembro. Também estão na lista São José do Seridó, Parelhas, Luís
Gomes, Riacho de Santana, Água Nova, Tenente Ananias e Equador.
Chuvas abaixo da média
A Empresa de Pesquisa
Agropecuária do RN (Emparn) confirmou que a quadra chuvosa de 2025 foi
insuficiente, principalmente no interior. “A quadra chuvosa deste ano nas
regiões Oeste e no Seridó ficou abaixo do normal. Algumas áreas ficaram perto
do normal, como na região de Natal e Mossoró, mas poucas áreas. Tivemos
dificuldades de chuvas esse ano, principalmente nos meses de março e abril por
conta da oscilação da temperatura no Oceano Pacífico que teve uma anomalia e
incerteza grande na sua configuração. Isso fez com que houvesse diminuição das
chuvas nos meses que mais chovem no Estado”, explicou o meteorologista Gilmar
Bristot. Hoje, os 69 reservatórios
monitorados pelo Igarn armazenam apenas 46% da capacidade total, ou 2,4 bilhões
de m³, diante de um potencial de 5,2 bilhões.
Produtores pedem medidas
estruturantes
Para a Federação da
Agricultura, Pecuária e Pesca do RN (Faern), o decreto estadual pode ser
necessário. “É importante que o Estado tome a iniciativa para que as coisas não
piorem e só faça algo quando o caos tiver instalado. Esperamos que o Governo
tome as providências e que elas sejam definitivas. Precisamos de programas e
projetos estruturantes para convivermos com esses momentos de seca. Seca não é
surpresa, é uma certeza. Precisamos que o Governo ofereça apoio na questão de
acesso a crédito facilitado, produtor rural que não tiver condições de pagar
esse ano, que a parcela do título dele vá para o final do financiamento, que a
Conab disponibilize milho num valor menor possível, a questão de perfuração de
poços ser intensificada, políticas de mitigação de se fazer barragens
subterrâneas. Tudo isso é importante”, afirmou o presidente José Vieira.
A Fetarn, que representa os
trabalhadores rurais, também defende a medida. “O decreto é uma possibilidade
porque quando se decreta se dá mais celeridade dentro da gestão pública no
sentido de acelerar as ações para agricultoras e agricultores familiares. Nesse
momento, a maior delas é a situação hídrica e a de suporte forrageiro, ração
animal. Essa questão emergencial ajuda bastante”, disse o presidente Erivam do
Carmo.
Reconhecimento federal
O Governo Federal reconheceu
nesta quarta-feira (20) a situação de emergência por seca em sete municípios do
Nordeste, entre eles Lucrécia, no interior potiguar. Outros 74 municípios do RN
já estavam nessa condição. Com o reconhecimento, as
prefeituras ficam aptas a solicitar recursos ao Ministério da Integração e do
Desenvolvimento Regional. “Na prática, com o reconhecimento federal, as
prefeituras podem solicitar recursos do Governo Federal para ações de defesa civil,
como compra de cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e
voluntários, kits de limpeza de residência, higiene pessoal e dormitório, entre
outros”, informou a pasta em nota.
Tribuna do
Norte
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