
O deputado estadual Agnelo Alves (PDT) disse duvidar que o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), e o ministro da Previdência, Garibaldi Filho (PMDB), apoiem a reeleição da governadora Rosalba Ciarlini (DEM). A declaração do parlamentar se deu nesta segunda-feira, em entrevista ao Jornal de Hoje, dois dias após Henrique e Garibaldi anunciarem o adiamento da definição do PMDB sobre as eleições 2014 no Rio Grande do Norte. O ex-prefeito de Parnamirim considera a situação político administrativa da governadora tão sofrível, que sequer o apoio do presidente nacional do DEM, senador José Agripino, ela teria num eventual projeto de reeleição. “Não acredito que ninguém vá para a rua dizer que apoia Rosalba. Ninguém. Duvido que Zé Agripino vá, duvido que Henrique vá, duvido que Garibaldi vá. Não vai ninguém”, afirmou Agnelo. Na avaliação de Agnelo Alves, “Rosalba está vivendo um momento terrível, pode ser que melhore. Deus cometerá esse milagre? Não creio que esta seja uma preocupação para Ele”, declarou, enfatizando que os elogios da governadora à presidente Dilma guardam diferença significativa dos elogios dos potiguares à administração democrata. “Os elogios de Rosalba a Dilma não são apenas de Rosalba, mas da maioria da nação. Já os elogios a Rosalba são minoria”, comparou, declarando ser “impossível” que Dilma apoie a reeleição de Rosalba.
“Nunca… não acredito. Quem se aproximar dela (de Rosalba), quem tiver o apoio dela se dá mal, esse é o prognóstico hoje. Se mudar, muito bem, mude. Mas, se não mudou até agora, e já faz mais de dois anos e meio de governo, não mudará mais, creio”, continuou Agnelo. “Só com interferência de Deus”, sentenciou. “Rosalba devia no próximo mês ir à missa, ajoelhar aos pés de Francisco, o Papa, e pedir a ele um milagre”, orientou o deputado estadual, hoje, um dos mais críticos do governo democrata. Instado a falar da crítica de Rosalba, que afirmou que os adversários estão desocupados e só se preocupam com projetos pessoais, o pai do prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) asseverou que os rivais do governo podem até ter projetos pessoais, assim como a governadora também tem. Todos, porém, são diferentes dele, Agnelo, que não tem mais ambições políticas e, portanto, não é atingido pelas admoestações governamentais.
“Mas, queria ver Rosalba chegar ao final do governo e dizer que não é mais candidata. Aí sim, ela assumiria uma posição moral importante, na autoridade moral, porque ela poderia dizer que eles, os adversários dela, cuidam de projetos pessoais, mas ela, governadora, vai cuidar do que é dever e fazer. Não será candidata à reeleição. Ou então dizer que está nessa, que é candidata à reeleição, e, portanto, como os outros, cuidando dos seus projetos pessoais, igual aos adversários dela”, rebateu Agnelo. “Mas acho ela muito mal assistida, muito. Não tem nenhum partido satisfeito com ela. Não conheço ninguém nem nada que esteja satisfeito com ela. Ela deveria parar um pouco e decidir: vou satisfazer este aqui, descontemplando este, aquele e aquele outro. Quem procurar agradar todos termina não agradando a nenhum. Rosalba não está conseguindo nem agradar, nem desagradar. Ela se perdeu desde que tomou posse”, diz Agnelo.
AVALIAÇÃO
Na última avaliação que fez do governo Rosalba para o JH, há cerca de um mês, Agnelo Alves classificou a gestão Rosalba Ciarlini como “sofrível”, ilustrando sua tese com a incapacidade de o governo inovar, criar, ousar. Indagado nesta segunda se de lá para cá houve mudanças na gestão estadual, o pedetista respondeu que sim. Mas, para pior. “Mudou para baixo”, afirmou, justificando que a falta de projetos e de planejamento continua. “Não tem projeto, ela não tem plano, qual o plano de governo de Rosalba? Não há. Queria que ela dissesse – ‘Eu quero até o final do governo fazer isto e isto, e isto, para isso eu tenho reservas financeiras disso, disso e disso. Vou arrecadar tanto, tanto e tanto. Total, tanto’”, destaca o deputado. Segundo Agnelo, “Rosalba precisa, sem nisso dar qualquer lição, porque eu não tenho condições de dar lições a ninguém, principalmente a governo do Estado, entender que a opinião pública hoje, é diferente do tempo em que ela era prefeita de Mossoró. Ela hoje tem a opinião pública do Estado todo. Não é com propaganda na televisão, nos jornais, que o povo não vê, não sente, não usufrui. A pessoa diz, ah, porque fez 16 quilômetros em tal lugar, e daí? E o que mora aqui? Outro que mora em Mossoró? Outro que mora em São Gonçalo, em Parnamirim? Não sente. Assim ela segue conseguindo adversários em todos os municípios, insatisfazendo a todos. Os que não são satisfeitos caiam fora, mas ela não quer botar ninguém para fora, e não sabe mantê-los dentro”.
“Henrique está com todo comando político, mas, entre os eleitores, ainda não foi apurado”
Ao avaliar o momento político do sobrinho, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, o deputado estadual Agnelo Alves considera que Henrique exerce um papel de comando político não apenas no PMDB, o partido que preside no Rio Grande do Norte, mas, sobretudo, de todas as forças políticas que gravitam em torno do poder. Contudo, segundo Agnelo Alves, como candidato a governador Henrique precisa ser testado. “Ele está com todo comando político. Não só do PMDB, mas de todas as forças políticas que gravitam em torno do poder. A opinião de Henrique hoje é fundamental. Agora, no seio da população, no seio do eleitor, ainda nada foi apurado”, disse o irmão de Aluizio Alves. A tese de Agnelo é de que o “cavalo selado” está passando para o PMDB, numa referência à oportunidade de o partido eleger o próximo governador do Estado. “Se o PMDB não escolher Henrique ou Garibaldi, terá deixado o cavalo selado passar”, alerta o tio dos primos. “É como aqui no RN. O cavalo está passando na calçada do PMDB, na porta, seladinho, banho tomado, escovadinho”. Contudo, na avaliação de Agnelo, os dois candidatos do PMDB ainda não assumiram candidaturas. Garibaldi afirma que não quer correr o risco de ser eleito ou de não ser eleito, e Henrique posterga a decisão para o ano que vem.
O retardamento de uma definição por parte do PMDB, porém, segundo Agnelo, não compromete o partido com o governo Rosalba. “O povo não está prestando muito atenção ao que dizem os políticos. Porque sabem que eles dizem uma coisa hoje, amanhã dizem outra, depois de amanhã dizem outra, e assim sucessivamente”. Instado a dizer, porém, se Henrique tem o comando da sucessão, Agnelo discorda. “Está nas mãos de Henrique o comando do PMDB. Agora, hoje ele tem uma situação singularíssima. Hoje todo mundo presta atenção em Henrique. Mas, Henrique está numa vidraça, por isso ele tem que ter um comportamento de presidente da República. É preciso ter muito cuidado. Não é fácil. Vamos ver como é que vai se comportar daqui pra frente”.
Além disso, segundo o tio, Henrique está fazendo da Presidência da Câmara um posto atuante, forte e de comando, que, não sendo correligionário de Dilma, também não é adversário, e solidário quando ela merece, adotando postura de advertência, quando as advertências precisam ser feitas. “Tenho mesmo a impressão de que o futuro governador poderá ser ele. Porque ele tem gosto, tem comando, tem liderança. Apenas ele não se movimentou ainda nesse sentido. Agora, ele não tire do PMDB, não. Porque, senão, ele não tira a conta certa”, afirma o parlamentar. Indagado se Henrique está “jogando bem” para se viabilizar como candidato a governador, Agnelo sustenta ainda não saber se este é o objetivo de Henrique Alves. “Não sei se está com esse objetivo. Mas está jogando. Todo chute que ele dá, chuta bem. Dribla bem. Corre bem. Marca bem. E faz bons gols, bonitos gols, belíssimos gols”. Sobre a passagem de Henrique pela presidência da República, Agnelo conclui que, a exemplo dos Alves, o sobrinho manteve a humildade. “É preciso que se tenha em mente, que nós, Alves, nunca perdemos a humildade de ser. Henrique não perde. Hoje eu sou o tio do presidente e de um ministro, e estou aqui na fila comendo self-service. Então, ele, mantendo essa postura, vai muito bem. Eu acredito que ele manterá (a humildade) porque está no sangue dos Alves”.