O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contra quem há um
mandado de prisão expedido pela Justiça, participou de um ato em homenagem à
ex-primeira-dama Marisa Letícia, que completaria 68 anos de idade, neste sábado
(7). Lula disse que Sérgio Moro mentiu, mas disse que vai cumprir a
determinação da Justiça Federal, que o condenou a 12 anos e 1 mês de prisão.
— Eu vou atender o mandado deles, eu vou atender porque quero
fazer a transferência de responsabilidade.
Lula discursou em cima de um carro de som, estacionado em frente
ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande São
Paulo. Ao término da sua fala e depois de ser carregado pela multidão, Lula,
muito emocionado, passou mal.
No discurso, disse que, se dependesse da vontade dele, não
iria se entregar à Justiça, mas afirmou que atendeu ao pedido dos seus
companheiros de partido e aliados de militância e decidiu se entregar. Ao final
da fala, foi carregado nos braços por seus apoiadores, recebeu flores brancas
e falou que "não vai baixar o pescoço". Ao mesmo tempo, a
multidão, que o acompanhava, cantava a canção Apesar de Você, de
Chico Buarque.
— Um grande abraço a todos! Pode ficar certo que esse pescoço
aqui não abaixa, [...] e não vai baixar. Vou sair de peito estufado de lá [da
carceragem da PF, onde ficará preso], porque vou provar a minha inocência.
Depois de ser levado ao sindicato pela multidão, passou mal.
"Moro mentiroso"
O principal alvo do petista, porém, foi o juiz federal Sérgio
Moro, a quem chamou de mentiroso.
— Sou o único ser-humano que sou processado por um
apartamento que não é meu. E eles sabem que O Globo mentiu que
é meu. O MP fez a acusação e mentiu que era meu. Eu pensei que o Moro que ia
resolver, mas mentiu quanto disse que era meu e me condenou a 9 anos de cadeia.
É por isso que sou um cidadão indignado, porque já fiz muita coisa os meus 72
anos. Eu não posso passar à sociedade a ideia de que eu sou um ladrão.
Lula estava ao lado da presidente do PT, senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR), da ex-presidente Dilma Rousseff, do ex-prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad, do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), do ex-ministro Celso
Amorim, da pré-candidata à Presidência pelo PCdoB, Manuela D’Ávila, do
pré-candidato do PSOL à Presidência, Guilherme Boulos, do governador do Piauí,
Wellington Dias, do deputado Ivan Valente (PSOL) e de outros políticos e
militantes do PT.