Sem previsão orçamentária e com um impacto previsto
de mais de R$ 4,8 bilhão para os cofres municipais até 2021, o piso e o
reajuste dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) e de Combate às Endemias
(ACEs) passarão a vigorar a partir do ano que vem. Após o presidente da
República, Michel Temer, sancionar a Medida Provisória 827/2018 com vetos aos
trechos que tratavam do reajuste de 52,86% do piso salarial em três anos e o
reajuste anual a partir de 2022, os parlamentares decidiram, em votação no
Congresso Nacional nesta quarta-feira, 17 de outubro, pela derrubada dos vetos.
A sessão começou às 11 h e a discussão se estendeu
em razão dos pronunciamentos, mas o veto, pautado como item 1, acabou derrubado
por meio de voto secreto dos deputados e senadores. Após apreciação da matéria,
seria necessário votar o destaque, mas o autor, deputado Tadeu Alencar
(PSB-PE), retirou o pedido para encerrar a votação. “Queríamos apenas ratificar
as razões pelos quais aprovamos a MP 827, por isso, o PSB retira o destaque”,
justificou.
Desde a sanção da MP, a Confederação Nacional de
Municípios (CNM) vem sensibilizando os gestores locais e os parlamentares para
manterem o veto. As medidas desrespeitam a autonomia municipal, desconsideram
as realidades locais, violam dispositivos constitucionais que reservam ao
Presidente da República a prerrogativa de “criar cargos, funções ou empregos
públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração”, e
criam despesa obrigatória sem nenhuma estimativa de impacto ou previsão
orçamentária.
Resultados
Para além da inconstitucionalidade e ilegalidade da matéria – que fere artigos
da Lei 101/2000 de Responsabilidade Fiscal (LRF) -, o piso e o reajuste vão
gerar, somente nos três primeiros anos de aumento progressivo, despesa extra
superior a R$ 9 bilhões para União e Municípios. Por ano, os Entes municipais
deverão arcar com pelo menos R$ 1,8 bilhão. Com a articulação do movimento, que se intensificou
na manhã desta quarta-feira, a maioria dos representantes do Legislativo mantiveram
as novas regras, mas alguns votaram a favor dos Municípios (confira lista
abaixo) – entre eles, o ex-ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP/PR).
“Retirados os destaques, apuram-se as cédulas, o veto está derrubado e a
matéria vai a promulgação. Quem vai promulgá-la é o presidente do Congresso
Nacional e eu farei isso de ofício o mais rápido possível, ainda no exercício
desse mandato”, garantiu Eunício Oliveira (MDB-MA).
Deputados que
votaram com os Municípios: Afonso Motta (PDT/RS), Alceu Moreira (MDB/RS),
Antonio Bulhões (PRB/SP), Carlos Andrade (PHS/RR), Eduardo Cury (PSDB/SP),
Floriano Pesaro (PSDB/SP), Lobbe Neto (PSDB/SP), Marcelo Aro (PHS/MG), Osmar
Serraglio (PP/PR), Ricardo Barros (PP/PR), Samuel Moreira (PSDB/SP), Simone
Morgado (MDB/PA), Soraya Santos (PR/RJ), Tenente Lúcio (PR/MG), Toninho
Wandscheer (PROS/PR).
Senadores: Cidinho
Santos (PR/MT) e Dalirio Beber (PSDB/SC)
Confira estudo
do veto elaborado pela
Secretaria Legislativa do Congresso Nacional
Por: Amanda Maia
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Da Agência CNM de Notícias