Após a morte
de nove pessoas na madrugada deste domingo (1º) em um baile funk na
favela Paraisópolis, zona sul de São Paulo, o tenente-coronel Emerson Massera,
porta -voz da Polícia Militar, afirmou que policiais usaram balas de borracha e
bombas de gás lacrimogênio em reação ao ataque inicial de bandidos que
atiraram contra as viaturas e seguiram em direção ao local onde ocorria o
evento, também conhecido como ‘pancadão’. A PM informou que cerca de 5 mil
pessoas participavam do baile. As declarações foram dadas em uma entrevista
coletiva no início da tarde. “As ações só
se deram porque os policiais foram atacados”, afirmou o porta-voz da PM. Ele
explicou que uma moto com dois indivíduos em atitude suspeita passou
por um ponto de estacionamento de patrulhas da Rondas Ostensivas Táticas
Metropolitanas (Rotam), do 16º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano
(BPM/M) que realizavam a Operação Pancadão na região. Segundo ele, os policiais
estavam ali para garantir a segurança das pessoas. Massera acrescentou que, ao
serem abordados, os suspeitos não pararam e dispararam contra os
policiais.

Os agentes
perseguiram os bandidos até o baile funk, quando ocorreu o tumulto. “Na
tentativa de abordagem, esses ocupantes da moto fugiram e dispararam contra os
policiais. Esse acompanhamento se deu por cerca de 300 metros, quando acabou
terminando no pancadão. Os criminosos utilizaram as pessoas que estavam
frequentando o baile como uma espécie de escudo humano para impedir a
perseguição policial”, detalhou Massera. Segundo ele,
no momento em que os policiais chegaram próximo ao pancadão, em seis
motocicletas da Rotam, as pessoas foram na direção dos policiais, “arremessando
pedras, garrafas e aí a atuação da polícia acabou sendo uma ação de proteção
aos policiais”. Ele disse ainda que os criminosos se misturaram à multidão,
“inclusive efetuando disparos de arma de fogo contra os policiais. Nós
recolhemos no local pelo menos uma munição de calibre 380 e uma de 9mm que
supomos que estavam com esses bandidos”, acrescentou.
Segundo
Massera, na dispersão, algumas pessoas teriam tropeçado. Nove pessoas morreram
por ferimentos após terem sido pisoteadas. “Por conta dessa correria que se deu
com a chegada dos policiais, em acompanhamento aos criminosos, nove pessoas
ficaram feridas gravemente e vieram a falecer. Até o momento a informação é que
morreram pisoteadas, não há nenhuma com perfuração de arma de fogo ou algum
outro tipo de lesão”, disse o agente.
Das nove
pessoas mortas, quatro foram identificadas, sendo uma delas um adolescente de
14 anos. Entre as vítimas, que ainda não tiveram seus nomes revelados, estão
oito homens e uma mulher. Quanto aos
suspeitos, a Polícia Militar informou que, com a dispersão, não conseguiu
perseguir os suspeitos e que, por enquanto, ninguém foi preso.
Apuração
Segundo a PM,
o caso agora segue para apuração na Polícia Civil e também será feito o
Inquérito Policial Militar para apurar se houve alguma falha no procedimento. O
porta-voz reiterou que os policiais usaram apenas balas de borracha ao ser
questionado sobre relatos de vítimas e moradores que usaram as redes sociais
para informar que viram policiais atirando com armas de fogo.
“A
informação que temos até o momento é que nenhum policial efetuou disparo de
arma de fogo, de qualquer forma, preventivamente, nós apreendemos dos policiais
envolvidos nessa ocorrência [as armas utilizadas] para verificar se houve algum
disparo. Isso é praxe, medida que é feita em toda investigação policial”,
explicou. A PM
ressaltou que a atuação da polícia não foi em relação ao baile funk. “Nós temos
como consenso que a atuação da polícia nesses casos tem que ser uma ocupação preventiva
de buscar ocupar antes. Esse baile já estava instalado, nossa estimativa é que
de pelo menos 5 mil pessoas participavam deste pancadão. A atuação da
polícia militar ocorria no entorno, então os fatos só se deram em razão da
agressão que os policiais sofreram fora do pancadão”, finalizou.