
Robinson Faria ligou para Rita das Mercês para ter informações sobre investigações em 2014
Suspensas há mais de 90 dias, a espera de uma decisão
processual do Superior Tribunal Federal (STF), as investigações da Operação
Dama de Espadas foram motivo de preocupações para o então vice-governador e
candidato ao governo do Estado, Robinson Faria (PSD). Trechos de áudios de
interceptações telefônicas mostram que Robinson procurou junto a ex-procuradora
geral da Assembleia Legislativa, Rita das Mercês, obter informações sobre as
investigações. A preocupação era saber se os promotores investigavam fatos
relativos ao período em que ele, Robinson, presidiu o Legislativo estadual
(2003/2010). A Operação Dama de Espadas, deflagrada pelo Ministério Público
Estadual em agosto de 2015, investiga supostas fraudes com cheques salários na
Assembleia Legislativa e desvios de R$ 5,5 milhões. A ex-procuradora Rita das
Mercês é a principal acusada e chegou a ser presa. Liberada através de habeas
corpus, ela foi exonerada do cargo e aguarda o desfecho das investigações.
Um
questionamento da Procuradoria Geral do Estado, sobre a competência dos
procuradores na investigação e a quem caberia fazer a defesa dos acusados, foi
acolhida de forma preliminar no Tribunal de Justiça estadual. Mas, nove
desembargadores alegaram suspeição para a decisão final no pleno e o recurso
processual acabou encaminhado ao STF. Os trechos de áudios divulgados agora,
somam mais de 20 horas de interceptação telefônica autorizadas pela Justiça, a
pedido da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público. O material foi
conseguido pela equipe do site de notícias G1RN. As conversas incluem, desde
assuntos da mais restrita intimidade dos interceptados, às tratativas entre os
investigados para burlar as investigações. Rita das Mercês tentava ser
“blindada” a partir da “chama-violeta”, uma espécie de mantra feito por um guia
espiritual – não identificado - que constantemente dialoga com ela. O
“grandalhão branco” é o nome dado pelo guia espiritual de Rita das Mercês ao
então candidato ao Governo do Estado, Robinson Faria. O então presidente da Assembleia Legislativa no período das
interceptações, agosto de 2014, deputado Ricardo Motta, aparece como um dos que
foram atendidos pelo “guru” e, também, em conversas nas quais orienta a
ex-procuradora para obter junto ao Procurador Geral de Justiça, Rinaldo Reis,
informações sobre as investigações. “Mais tarde dê um toquezinho para Rinaldo
para saber se ele já tem alguma posição”, relembrou o ex-presidente da ALRN à
Rita das Mercês.
O principal trecho de conversa entre Rita das Mercês e o
então candidato Robinson Faria, nestes áudios, ocorre no dia 26 de agosto de
2014, no fim de tarde. Servidores da Assembleia já estavam sendo intimados pelo
MPE para esclarecer fatos da investigação. Robinson Faria pede detalhes acerca
da investigação do Ministério Público Estadual e questiona se “o nosso amigo”
sabia de alguma coisa. O termo parece ser usado em substituição ao nome do
procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis. Rita detalha, para Robinson, uma
reunião que, supostamente, teria ocorrido entre o então presidente da
Assembleia, Ricardo Motta, e o procurador Rinaldo Reis na manhã daquele dia.
Neste encontro, os dois teriam dito ao procurador geral de Justiça que não
“seria interessante” para o Ministério Público continuar com as investigações.
Os áudios obtidos pela reportagem não revelam fatos que incriminem o governador,
mas somente a preocupação e o interesse dele sobre as investigações.
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