
João Santana, o marqueteiro das campanhas eleitorais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014)(Patricia Stavis/Folhapress)
Alvo de um mandado de prisão temporária expedido na 23ª fase da
Operação Lava Jato, o marqueteiro do PT João Santana se desligou nesta
segunda-feira da campanha à reeleição do presidente da República Dominicana,
Danilo Medina. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa do
publicitário. Segundo a nota, ele desistiu em "caráter irrevogável" da campanha
porque está voltando ao Brasil para se defender das acusações que considera
"infundadas".
As eleições no país caribenho acontecem em maio. O baiano João
Santana e a sua mulher, Mônica Moura, são alvos da nova fase da Lava Jato,
batizada de Acarajé. As investigações apontam que o casal recebeu
dinheiro do petrolão em contas mantidas por offshores no exterior. Os
investigadores afirmam terem fortes indícios de que eles sabiam da "origem
ilícita" dos recursos, que teriam sido remetidos pela Odebrecht e pelo operador
Zwi Skornicki, representante comercial no Brasil do estaleiro Keppel Fels.
A assessoria informou o conteúdo da carta que o publicitário
remeteu ao Partido da Liberação Dominicana (PLD), de Medina. Aliás, na eleição
presidencial de 2012, Santana foi o principal articulador da campanha vitoriosa
de Medina. No texto, o publicitário diz que não foi pego de surpresa com a
notícia, tendo em vista o "clima de perseguição que se vive hoje" no Brasil.
"Considero que esta é a melhor decisão para não afetar de forma alguma os
interesses do PLD nesta contenda eleitoral", escreveu Santana na carta.
Em petição encaminhada ao juiz Sérgio Moro, da
13ª Vara Federal de Curitiba, João Santana e a sua mulher afirmam que "já
agendaram seu imediato retorno ao Brasil, movimento que deve ocorrer nas
próximas horas". A defesa comunicou ao juiz que eles vão se apresentar aos
investigadores e pede que sejam tomadas "medidas para que sua chegada ao país
não se transforme em um odioso espetáculo público". Se eles não retornarem, seus
nomes serão incluídos na lista de difusão vermelha da Interpol.
*Confira a carta na íntegra, em espanhol:
A la atención del Comité Nacional de Campaña del PLD:
Me dirijo a ustedes porque, como habrán conocido también
por los medios de comunicación, desperté esta mañana con la noticia de que mi
nombre está siendo ligado a una supuesta trama relacionada con el financiamiento
de campañas políticas en Brasil.
Conociendo el clima de persecución que se vive hoy en día
en mi país, no puedo decir que me tomó completamente por sorpresa, pero aún así
resulta difícil de creer.
Dadas las circunstancias, les solicito a este Comité de
Campaña desligarme con carácter inmediato de la campaña en curso en República
Dominicana.
Esto me permitirá acudir a Brasil a defenderse de las
acusaciones infundadas de que estoy siendo objeto.
Cabe señalar, que desde la pasada semana me puse a
disposición de las autoridades de Brasil para esclarecer cualquier especulación
y que facilitaré toda la información necesaria para dejar establecida la verdad
de los hechos, más allá de toda duda.
Asimismo, considero que esta es la mejor decisión, para no
afectar en forma alguna a los intereses del PLD en esta contienda
electoral.
Agradezco la confianza depositada por ustedes en mi labor y
tengo la certeza de que los próximos comicios ratificarán la victoria del
presidente y candidato Danilo Medina y del PLD, para bien del pueblo
dominicano.
Sin otro particular, se despide atentamente.
João Santana
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