
O presidente da República em exercício, Michel Temer(Evaristo Sá/AFP)
Após conversar com o ministro da Advocacia-Geral da União,
Fábio Medina Osório, o presidente interino Michel Temer decidiu mantê-lo no
cargo nesta segunda-feira. Na conversa, que aconteceu em seu gabinete minutos
antes de dar um pronunciamento à imprensa, Temer optou por dar
sobrevida ao ministro. A decisão também visa "interromper o ciclo" de que a cada
denúncia ou crítica a alguém ligado a seu governo acarrete em uma baixa.
Nas duas últimas semanas, o governo sofreu duas baixas com a
saída de Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência). O receio
de ampliar o desgaste e causar uma nova turbulência acabou beneficiando os
titulares de pastas envolvidos em controvérsias. Além de Osório, o ministro do
Turismo, Henrique Eduardo Alves, e a secretária das Mulheres, Fátima Pelaes,
permanecerão nos cargos. Osório foi alvo de inúmeras críticas de auxiliares
diretos do presidente em relação à sua atuação. "Ele ficou deslumbrado com o
cargo e agiu de forma indevida em muitos casos", comentou um interlocutor do
Planalto ao lembrar que até os servidores da própria AGU já fizeram chegar à
Presidência inúmeras críticas a ele, pelas suas ações. "Está ficando muito
difícil de conviver com ele", emendou outro assessor palaciano. "A sua situação
está extremamente delicada."
Na manhã desta segunda-feira, Temer reuniu-se com os ministros
Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) para
também avaliar a situação de outros dois casos de autoridades de seu governo que
estão na berlinda: Henrique Alves e Fátima Pelaes. Embora o pedido de
investigação e as citações ao ministro do Turismo, Henrique Eduardo
Alves (PMDB), na Operação Lava Jato preocupem o governo pelo desgaste
que causa, a avaliação no encontro entre a cúpula era de que não haveria fato
novo em relação às investigações que estão sendo feitas. Amigo pessoal de Temer,
Alves tem apoio dos peemedebistas. "Não há nada diferente do que já havia
saído", disse um ministro, que reforçou a ideia de que o governo precisa de
estabilidade e novas demissões causariam mais turbulência.
Segundo a força-tarefa, Alves atuou junto à empreiteira OAS
para obter recursos para sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte em 2014.
O dinheiro teria sido desviado da Petrobras, conforme publicado nesta segunda
pelo jornal Folha de S. Paulo. A denúncia foi encaminhada pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) em
abril. O ministro, que perdeu as eleições em 2014, nega qualquer irregularidade.
No caso da secretária das Mulheres, Fátima Pelaes, cuja situação também é
considerada delicada, o governo também optou por não ceder às pressões. A
avaliação é que há o bombardeio de petistas e movimentos sociais que querem a
sua saída pela sua posição em relação ao aborto. A secretaria já se manifestou
contrária ao aborto até em caso de estupro. Fátima também é alvo de investigação
na Justiça Federal por supostamente haver participado de um esquema de desvio de
4 milhões de reais em verbas no Ministério do Turismo, objeto da Operação
Voucher, da Polícia Federal, deflagrada em 2011.
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