No primeiro depoimento no processo sobre a cassação da chapa
Dilma-Temer, Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, poderá esclarecer
se a construtora pagou propina para a campanha de 2014. Em Curitiba, nesta
quarta-feira, a oitiva de Marcelo também poderá ajudar a definir a tese de
separação das responsabilidades do presidente e do vice-presidente, como quer o
PMDB. Até a próxima semana, o ministro Herman Benjamin, relator do processo no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vai ouvir outros quatro executivos da
Odebrecht sobre fatos já abordados em delações premiadas na Lava-Jato, que já
foram homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda estão sob
sigilo.
O núcleo do governo Michel Temer foi citado em colaboração
premiada de Cláudio Melo Filho, ex-executivo da construtora. Melo Filho relatou
que Temer havia negociado “direta e pessoalmente” com Marcelo Odebrecht, numa
reunião no Palácio do Jaburu, em maio de 2014, dois meses depois do começo da
Lava-Jato. Entre os peemedebistas no núcleo do governo, também foram citados o
ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o ministro da Secretaria-Geral, Moreira
Franco, e o presidente do Senado, Renan Calheiros.
Enquanto os advogados do PT trabalham na linha de que não houve
irregularidades na campanha de 2014 ao Planalto, a defesa do PMDB insiste na
tese de separação das contas da presidente e do vice-presidente, o que poderia
livrar Temer de uma condenação eleitoral. Nos próximos dias, estão agendados
ainda outros quatro depoimentos de executivos da Odebrecht. Amanhã, será a vez
de Benedicto Barbosa da Silva Junior e Fernando Reis, no Rio. Na próxima
segunda-feira, Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos serão ouvidos em
Brasília. Os depoimentos serão mantidos em sigilo.
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