Lailson Lopes, o 'Gordo da Rodoviária' (Foto: Willacy Dantas)/g1rn
A Justiça marcou para o dia 21 de junho o novo julgamento do
comerciante Lailson Lopes, mais conhecido como 'Gordo da Rodoviária', Acusado de
ser um dos mentores do assassinato do radialista Francisco Gomes de Medeiros, o
F. Gomes, morto a tiros no dia 18 de outubro de 2010 em Caicó, cidade da região
Seridó potiguar.
Esta não é a primeira vez que Lailson Lopes, é levado a Júri
por esse crime. No dia 12 de abril de 2014, o réu foi condenado a pena de 14
anos em regime inicialmente fechado. A sessão durou 3 dias. Inicialmente ele
ficou preso no Presídio de Caicó, mas, depois foi transferido para outra unidade
e antes de ser posto em liberdade no dia 31 de março de 2016, estava no CDP de
Patu. Na decisão que o liberou, o juiz Luiz Cândido de Andrade Villaça, atendeu
pedido do advogado que reclamou do excesso de prazo.
Quando Lailson foi condenado, o Ministério Público, recorreu
para o Tribunal de Justiça, com o objetivo de que a pena fosse aumentada. Os
desembargadores então entenderam que na verdade, deveria ocorrer outra sessão de
júri, o que foi determinado. A Polícia Civil cumpriu o mandado de prisão contra
Lailson Lopes no dia 22 de fevereiro de 2011, em Caicó. Ele ficou detido,
aguardando ser julgado.
João Francisco, o 'Dão', foi condenado pela morte do radialista F. Gomes, em Caicó (Foto: Divulgação/Polícia Civil do RN)
Outros réus
Quem também aguarda julgamento no caso F. Gomes é o ex-pastor
Gilson Neudo Soares do Amaral. Pela terceira vez, a Justiça tenta realizar o
júri popular dele. Gilson Neudo deveria ter sido julgado no dia 16 de março
deste ano, mas o procedimento foi reagendado porque a defesa dele, o defensor
público Serjano Marcos Torquato Vale, avisou que não poderia comparecer.
Remarcado para o dia 4 de abril, o julgamento foi novamente adiado porque réu
desconstituiu sua defesa, tirando o advogado Lucas Cavalcante de Lima do caso.
Com isso, o juiz Luiz Cândido Villaça determinou o novo adiamento da sessão, que
foi marcada para o dia 16 de novembro no Fórum Amaro Cavalcante, na própria
cidade de Caicó.
Consórcio
Segundo o Ministério Público, os acusados de participação na
morte de F. Gomes fazem parte de um 'consórcio de pessoas' que se uniram com um
propósito: eliminar o comunicador. Inicialmente foram denunciados o mototaxista
João Francisco dos Santos, mais conhecido como 'Dão', o comerciante Lailson
Lopes, o ex-pastor Gilson Neudo, o advogado Rivaldo Dantas de Farias, o
tenente-coronel da PM Marcos Antônio de Jesus Moreira e o soldado da PM Evandro
Medeiros. O mototaxista Dão, o assassino confesso, admitiu ter puxado o gatilho.
Como autor material do crime, ele foi condenado a 27 de prisão
em regime fechado. A defesa dele não recorreu da decisão. O julgamento aconteceu
no dia 6 de agosto de 2013. Ele cumpre pena na Penitenciária Estadual de
Alcaçuz, em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal. Alcaçuz é a maior unidade
prisional do estado. Já o advogado Rivaldo Dantas de Farias, também denunciado
como mandante do crime - e igualmente sentenciado a ir para o banco dos réus -
aguarda em liberdade. Ele espera que a Justiça defina uma data para o júri
popular. Quanto ao tenente-coronel Moreira e o soldado Evandro, eles não foram
pronunciados e, consequentemente, acabaram excluídos do processo. Ou seja, não
são mais acusados de participação no crime.
Radialista F. Gomes foi morto em 2010, em Caicó – FOTO: sidneysilva
Entenda o caso
Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, tinha 46 anos e
trabalhava na rádio Caicó AM. Foi assassinado na noite de 18 de outubro de 2010,
deixando mulher e três filhos. Ele foi atingido por três tiros de revólver na
calçada de casa, na rua Professor Viana, no bairro Paraíba, em Caicó. Vizinhos
ainda o socorreram ao Hospital Regional de Caicó, mas o radialista não resistiu
aos ferimentos.
Segundo inquérito, concluído pela delegada Sheila Freitas, a
execução do comunicador foi encomendada por R$ 10 mil, mas só R$ 8 mil foram
pagos. “Três mil foram pagos pelo pastor para que Dão pudesse fugir”, disse ela,
revelando que o dinheiro pertencia à igreja onde o ex-pastor Gilson Neudo
pregava. O restante teria sido pago pelo tenente-coronel Moreira, "que juntou o
dinheiro após vender um triciclo", acrescentou Sheila.
O dinheiro foi rastreado com a quebra do sigilo telefônico e bancário dos investigados. Além de ser apontado como o principal financiador do crime, o tenente-coronel Moreira também teria razões suficientes para querer se vingar de F. Gomes. O promotor Geraldo Rufino considera que as denúncias feitas com frequência pelo radialista levaram ao afastamento do oficial quando este dirigiu, em meados de 2010, a Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão. As denúncias, enfocando desmandos e atos do militar à frente da unidade, foram tão graves que levaram o Ministério Público a instaurar uma investigação contra Moreira.
O dinheiro foi rastreado com a quebra do sigilo telefônico e bancário dos investigados. Além de ser apontado como o principal financiador do crime, o tenente-coronel Moreira também teria razões suficientes para querer se vingar de F. Gomes. O promotor Geraldo Rufino considera que as denúncias feitas com frequência pelo radialista levaram ao afastamento do oficial quando este dirigiu, em meados de 2010, a Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão. As denúncias, enfocando desmandos e atos do militar à frente da unidade, foram tão graves que levaram o Ministério Público a instaurar uma investigação contra Moreira.
Outro acusado que teve participação decisiva na articulação do
crime, ainda segundo a delegada, foi o advogado Rivaldo Dantas, considerado o
principal elo de ligação entre os envolvidos. “O advogado foi o elo entre o
Gordo da Rodoviária, o pastor e o mototaxista Dão, além de também ter forte
amizade com o tenente-coronel Moreira. A partir daí, eles resolveram matar F.
Gomes”, afirmou Sheila. Ainda de acordo com a delegada, foi também pela forte
influência e domínio que Rivaldo tinha sobre Dão que o mototaxista foi
contratado para executar o serviço. “Dão é um sociopata. Para ele, matar é a
coisa mais comum do mundo. Ele viu a mãe ser morta pelo padrasto quando criança.
Daí essa frieza dele”, emendou a delegada.
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