
Indígena ferido após conflito com fazendeiros no Maranhão (Ana Mendes/CIMI/Divulgação)
Uma aldeia indígena localizada no município de
Viana (MA) foi atacada ontem por homens armados com
facões e armas de fogo. De acordo com o Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), pelo menos treze índios foram feridos, dois
dos quais tiveram as mãos decepadas – cinco foram baleados. O
ataque foi na região do Povoado das Bahias, área ocupada pela etnia
gamela.

Segundo informações do Cimi, os índios feridos foram levados ao
Hospital Socorrão II, em São Luís. Dois deles, alvos de tiros de raspão no rosto
e no ombro, já receberam alta. Os demais continuam internados. No caso mais
grave, um deles teve uma mão decepada, o joelho cortado e está com balas
alojadas na coluna e na costela.

Localização da cidade de Viana (MA), onde houve o ataque à aldeia indígena (Google Maps/Reprodução)
Segundo o Cimi, o ataque foi convocado por meio de redes
sociais e programas de rádios locais. Os agressores se concentraram desde o
início da tarde nas proximidades do Povoado das Bahias, numa área chamada
Santero. Ainda não há confirmação sobre a autoria do ataque, mas a área é
disputada por fazendeiros da região. A Polícia Militar foi deslocada para o
local. O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, determinou o envio de uma equipe
da Polícia Federal para o local com o objetivo de evitar mais conflitos. O
governo federal também ofereceu apoio à Secretaria de Segurança Pública do
Maranhão que, por sua vez, já instaurou inquérito para investigar o caso.
A Secretaria de Direitos Humanos do Maranhão informou que
também vai destacar uma equipe para investigar o caso e ouvir os indígenas
transferidos para São Luís. De acordo com a secretaria, o governo do estado está
agindo para garantir a segurança na área. Segundo o Cimi, o Conselho Nacional de
Direitos Humanos (CNDH) e a 6ª Câmara de Coordenação e Revisão, responsável por
assuntos ligados a povos indígenas e quilombolas na Procuradoria-Geral da
República (PGR), analisam intervir no episódio.

Terceiro ataque
Esta não é a primeira vez em que os gamelas são alvos de
ataque. Nos dois últimos anos, foram registradas duas tentativas de ataques a
tiros, mas os suspeitos foram expulsos pelos indígenas. Em 2016, o Tribunal de
Justiça do Maranhão suspendeu uma reintegração de posse da área. O pedido foi
solicitado por um empresário da região e aceito pelo juiz local.
De acordo com o conselho indigenista, a etnia indígena ocupou
nos últimos anos áreas que reivindica à Fundação Nacional do Índio (Funai), sem,
no entanto, ser atendida.
(com Agência Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário