
O
Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou nesta terça-feira (4) a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
para o ensino médio. Foram 18 votos a favor e duas abstenções. Essa foi a
última etapa antes da homologação do documento, que servirá como orientação
para os currículos de todas as escolas públicas e privadas do país. Ao G1,
o CNE afirmou que ainda não tem previsão de quando o documento final será
divulgado ao público.

A
BNCC tem caráter normativo e não precisa passar por votação no Congresso nem
sanção presidencial. Porém, ela ainda precisará ser homologada pelo ministro da
Educação.
A
base define o conteúdo mínimo que os estudantes de ensino médio de todo o
Brasil deverão aprender em sala de aula, e deve ser implementada em cada estado
conforme as realidades locais. A previsão é que as mudanças estejam em vigor no
início do ano letivo de 2022. O
documento, porém, foi aprovado após diversos protestos de professores, que eram
contrários ao texto apresentado pelo Ministério da Educação em
abril deste ano. Algumas das cinco audiências públicas previstas pelo CNE entre
maio e agosto nas cinco regiões brasileiras chegaram a ser canceladas após
protestos, como foi o caso do evento que aconteceria em São Paulo.
Português
e matemática obrigatórios nos três anos
- Segundo
Eduardo Deschamps, presidente da comissão da BNCC no CNE, o documento aprovado
permite maior flexibilidade às escolas na distribuição dos conteúdos de maior
parte das disciplinas. "São 4 áreas [de conhecimento], sendo que português
e matemática ganham destaque porque estarão nos 3 anos do ensino médio. As
outras, podem ser tratadas em um ano ou dois, depende da organização do
currículo", afirmou ele ao G1.
Vale
lembrar que, antes da BNCC, o Brasil não tinha um currículo nacional
obrigatório, e as únicas disciplinas listadas por lei como obrigatórias nos
três anos do ensino médio eram português, matemática, artes, educação física,
filosofia e sociologia. Em
setembro de 2016, com a MP que reformou o ensino médio, o governo de Michel
Temer alterou o texto da LDB para retirar artes, educação física, filosofia e
sociologia da lista de disciplinas explicitamente obrigatórias nos três anos.
Porém, depois de críticas à mudança, elas foram reincluídas na lista no ato da sanção da
lei, em fevereiro de 2017.
O
que muda no ensino médio?
- Matemática e português terão carga horária obrigatória nos três anos
do ensino médio;
- Demais conhecimentos poderão ser distribuídos ao longo destes três
anos (seja concentrado em um ano, ou em dois, ou mesmo em três)
- Os currículos estaduais devem ser adaptados e implementados até o
início das aulas de 2022
"O
trabalho com o estudante do ensino médio não será mais aplicado em disciplinas,
mas sim na resolução de problemas", disse o conselheiro. "Em
vez de estudar especificamente uma disciplina de física ou química, eu posso
tratar de um problema de matemática e meio ambiente, aplicar os conhecimentos
conjugados. A organização [curricular] deixa de ser estanque e passa a ser mais
focada no cotidiano", afirmou Deschamps.
Em
construção desde 2015
A
aprovação da BNCC nesta terça encerra um processo de construção que durou três
anos e meio. A duração do processo no caso do ensino médio foi mais lenta por
causa do anúncio da reforma do ensino médio em 2016, o que
acabou "fatiando" a BNCC em duas. A versão específica para os ensinos infantil e fundamental foi
aprovada em dezembro de 2017. Antes
de aprovar a BNCC do ensino médio, o CNE precisou redefinir asdiretrizes curriculares, processo que foi
concluído em novembro deste ano.
Reforma
do ensino médio
A
reforma estabeleceu um currículo baseado em cinco itinerários formativos:
1. linguagens e suas tecnologias
2. matemática e suas tecnologias
3. ciências da natureza e suas tecnologias
4. ciências humanas e sociais aplicadas
5. formação técnica e profissional
Com
a reforma, ficou estabelecido que as escolas poderiam escolher como iriam
ocupar 40% da carga horária do ensino médio. Os demais 60% seriam estabelecidos
pela BNCC. A
reforma também previa mais escolas em tempo integral. A meta 6 do Plano
Nacional de Educação (PNE), que prevê que, até 2024, 50% das escolas e 25% das
matrículas na educação básica (incluindo os ensinos infantil, fundamental e
médio) estejam no ensino de tempo integral.
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