Embora
o governo esteja trabalhando para retomar o pagamento do auxílio
emergencial ainda em março, a primeira parcela da nova rodada deverá
ficar para abril, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em
entrevista ao Estadão, ele declarou que o benefício vai variar de R$ 150 a R$
375.
De acordo com Guedes, o Ministério da Cidadania está definindo a formatação do programa para decidir em que casos o beneficiário receberá o menor e o maior valor. O ministro disse que a renovação do auxílio emergencial só não saiu antes porque a política tem um tempo próprio para autorizar os gastos extras. “Não há disputa. Ninguém está fazendo política subindo em cadáver”, rebateu. Para Guedes, as contrapartidas fiscais exigidas na proposta de emenda à Constituição (PEC) Emergencial foram necessárias porque o governo não tinha condições de continuar a pagar um benefício de R$ 600. “Um auxílio de R$ 600 não seria sustentável e ia virar inflação, o que prejudicaria os mais pobres. Com R$ 600 por mais dois anos, a inflação vai a 5%, 6%, 7%”, argumentou o ministro.
Desidratação
Em
relação à aprovação da PEC, Guedes admitiu que o texto não ficou 100% do que a
equipe econômica desejava. Para ele, a retirada de pontos propostos pelo
governo é natural e faz parte da independência dos Poderes. “Uma certa
desidratação é natural do processo político”, declarou. Mesmo
com o resultado, o ministro ressaltou que a PEC passa uma mensagem importante
de responsabilidade fiscal, ao instituir um “protocolo fiscal com gastos” ao
determinar contrapartidas para a nova rodada do auxílio emergencial. “Se
o mercado perceber que você está sendo inconsequente, na mesma hora inflação e
juros sobem e o Brasil vai para estagflação de novo”, advertiu o ministro.
Seguro-emprego
O
ministro voltou a confirmar que pretende reinstituir o programa de suspensão de
contratos e de redução de jornada de trabalho para preservar empregos e deu
mais detalhes sobre a criação do “seguro-emprego”. Segundo Guedes, esse novo
seguro representa a antecipação do seguro-desemprego e ajudará a financiar
parte do Benefício Emergencial (BEm), compensação paga aos trabalhadores
com contrato suspenso ou jornada diminuída. “Vamos pagar R$ 500 para ele [o trabalhador] ficar
protegido por 11 meses. A cobertura é maior e é mais barata pra nós”, acrescentou o
ministro. Pela ideia, o governo pretende dividir o custo do BEm com recursos do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), por meio da antecipação do
seguro-desemprego.
Inflação
Sobre
a alta da inflação, Guedes disse que o aumento de preços é temporário,
relacionado à subida do dólar e do preço internacional das commodities (bens
primários com cotação internacional). Ele também atribuiu parte da inflação ao
aumento de demanda por alimentos e material de construção relacionada ao
auxílio emergencial.
Segundo o ministro, a aprovação da autonomia do Banco Central e das reformas fornecerão o sinal de que a inflação não é permanente. Para ele, os novos presidentes da Câmara e do Senado podem destravar a pauta de votação e trabalhar pela aprovação de projetos que atraiam investimentos, como a construção de ferrovias, a navegação de cabotagem, as concessões e as privatizações da Eletrobras e dos Correios.
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