SINTE/RN: Há 33 anos, os profissionais da educação se uniam para construir o maior Sindicato do Estado
Somos uma Entidade Classista que pode comemorar sua idade e vitórias.
Fundada em Congresso realizado no dia 02 de setembro de 1989, a partir da
unificação das Associações existentes à época, de professores, orientadores e
supervisores, e do SISPE, que reunia os funcionários em Educação,
transformamo-nos neste gigante que é o SINTE/RN. Em âmbito nacional, fomos um
dos primeiros sindicatos a reunir todos/as Trabalhadores/as em Educação em uma
mesma entidade. Nossa história foi forjada no enfrentamento à Ditadura Militar.
Um momento histórico, de muitas dores e sofrimentos para muitas famílias que
tiveram seus entes queridos mortos, torturados/as e marcados/as pelas cruéis e
danosas atitudes e ações do conservadorismo militar que marca este país.
Quando nos tornamos Sindicato, já havia toda uma trajetória de lutas
acumuladas. Havia também uma ideologia impregnada na sociedade brasileira:
taxar qualquer militante de comunista ou subversivo e, até mesmo,
marginal. O primeiro presidente do SINTE foi o professor Manoel Júnior
Souto. Ele não sabia, mas tinha o nome em uma ficha do DOI-CODI e essa
informação só se tornou pública quando da formação da Comissão Nacional da
Verdade, que averiguou e apurou as graves violações dos Direitos Humanos pela
Ditadura Militar. Nos trinta e três anos de existência do Sindicato, temos
enfrentado episódios que revelam ideias preconceituosas e ideologias
ultraconservadoras em circulação na sociedade. Como resposta, nunca demos
espaço para o conservadorismo, para o fundamentalismo. Antes, abraçamos o
pluralismo de ideias, a democracia. Estivemos nas ruas pela abertura política e
conquistamos, na Constituição de 1988, o direito do Servidor Público se
sindicalizar e criar seu Sindicato. Estivemos nas ruas como caras pintadas e em
numerosas outras ocasiões.
Nosso estatuto é referenciado pelas deliberações tiradas em Congresso
que são representativas da classe trabalhadora e firmadas por delegadas e
delegados inscritos. A compreensão ideológica que permeia a nossa categoria
permitiu enxergar que o fortalecimento das lutas passava pelo caminho da
unidade dos/as trabalhadores/as. Desde nossa origem somos filiados à
Central Única dos Trabalhadores (CUT), à Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação (CNTE) e ao Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Mais recente, filiamo-nos à Federação
Interestadual dos/as Trabalhadores em Educação (FITE). Ao longo de mais de
três décadas, tivemos renovações na direção do SINTE, tendo em vista que muitos
militantes jovens declaram seu encanto pela luta e se colocam a disposição para
trabalhar pela categoria, pela Educação.
Enfrentamos momentos difíceis, especialmente em épocas de governos
estaduais e de prefeituras de extrema direita. Nesse contexto, nossas
reivindicações eram voltadas para a formação e sustentação de uma gestão
pública que assumisse a educação, a universalização do ensino, a valorização
profissional. Por muito tempo, a correção salarial só chegava para a
categoria as custas de longas greves; greves que se repetiam ano após ano. Em
outra frente, observávamos os ideais capitalistas, assentados no paradigma da
eficiência, eficácia e qualidade total, chegarem às escolas nos anos 1990, e
lutamos para desconstruir esse modelo comercial da educação. Para tanto,
apresentamos a pedagogia de Paulo Freire e fazíamos o debate nas escolas,
incluindo estudantes e suas famílias. Mais recentemente, atuamos de forma contrária ao golpe institucional e
midiático à presidenta Dilma Rousseff. Dissemos não a Emenda Constitucional nº
95/2016, que congelou os investimentos em educação pública e saúde. Dissemos
não a Reforma Trabalhista. Nesse sentido, realizamos marchas e defendemos a
educação básica. Nas ruas, defendemos os/as profissionais da educação e a classe
trabalhadora em geral. Também denunciamos as consequências do golpe, das
reformas e do voto em Bolsonaro – fatores que levaram a uma escalada da miséria
no país
A pandemia da Covid-19 sinalizou um novo tempo de resistência. Nesse
contexto, lutamos na perspectiva de preservar a vida, recorremos ao Supremo
Tribunal federal (STF) e conseguimos manter a categoria segura, em trabalho
remoto. Seguimos fazendo o enfrentamento nos planos nacional e local.
Nesses últimos anos, o plano estratégico do SINTE está pautado na redução de
danos causados à educação e aos profissionais da educação básica. Para tanto,
trabalhamos no processo de aprovação de pautas que nos são caras, como a do
Fundeb Permanente, o Piso Salarial, o terço de hora atividade, os planos de
carreira. Certamente, nesses 33 anos, quebramos muitos paradigmas. Entre
lutas e conquistas, fortalecemos as regionais e os núcleos do Sindicato, nos
municípios. Fortalecemos a categoria, fortalecemos a educação pública
norte-rio-grandense. Daqui, prosseguiremos!