O preso foi levado para a Central de Flagrantes da Delegacia de Plantão da Zona Sul da cidade, onde permanece detido, esperando que a Justiça esclareça o ocorrido — Foto: Klênyo Galvão/Inter TV Cabugi
Um vigilante foi preso nesta quarta-feira (26), em Natal, suspeito de ter
assassinado a própria mulher. Detalhe: além de a mulher estar viva, ela ainda
mora com ele. O mandado de prisão preventiva foi cumprido por policiais civis
da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O suspeito de feminicídio foi levado para a Central de Flagrantes da
Delegacia de Plantão da Zona Sul da cidade, onde permanece detido.
Segundo a
assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, aconteceu
que o homem, na verdade, foi preso por "tentativa de homicídio", ou
melhor, "tentativa de feminicídio", no caso. E, como ambas as
situações levam o acusado a júri popular, por se tratar de crimes contra a
vida, a tipologia é a mesma. O TJ acredita que, possivelmente, houve uma falha de comunicação por
parte dos policiais que, ao comunicarem ao suspeito o motivo da prisão, devem
ter dito que ele estava sendo detido por um crime de feminicídio, como se ele
tivesse sido consumado, e não pela tentativa. O G1 consultou o site do Tribunal de Justiça do RN e encontrou
o processo. De fato, o vigilante responde a um crime de feminicídio, no qual o
nome da mulher dele realmente aparece como vítima. A questão é que na consulta
online não aparece em nenhum momento o termo feminicídio tentado, ou seja, não
há menção de que a morte não se consumou.
No processo, inclusive, consta o mandado de prisão expedido pela 2ª Vara
Criminal de Natal. Também na consulta online não há informações de como o crime
teria acontecido. Há apenas a referência ao artigo 121 do código penal, que é o
crime de matar alguém, com referência ao crime de feminicídio, pela condição de
a vítima ser mulher. O G1 ainda questionou a razão de, na página on line das
consultas processuais, não aparecer a tipologia feminicídio tentado, ao invés
de apenas feminicídio, como o que consta no momento, mas a assessoria do TJ não
soube explicar. Sobre a prisão, o TJ disse que o homem deve permanecer detido até ser
julgado, uma vez que a prisão preventiva, seja ela por motivo de feminicídio
tentado ou consumado, foi legal. "Uma possibilidade de a mulher tentar
reverter a situação da prisão, é ela constituir um advogado e procurar o
Ministério Público para convencer a acusação de que o marido não tentou matá-la.
Mas, isto é apenas uma possibilidade", ressaltou a assessoria do Tribunal.
Voz de prisão
À Inter TV Cabugi, o vigilante disse que foi preso por volta das 18h
desta quarta (26), quando estava saindo do trabalho. "Cinco agentes e um
delegado me deram voz de prisão. Eu, sem saber de nada, só obedeci. Fui levado
para fazer exame de corpo de delito no Itep, depois fui levado para a DHPP e em
seguida trazido aqui, para a delegacia. Consta que eu estava foragido desde o
dia 5 de junho", relatou.
Ainda de acordo com o vigilante, ele e a mulher convivem há 7 anos e têm
uma filha de 1 ano e 7 meses. "Estou aqui, preso, ainda sem saber o que
fazer. Minha esposa esteve aqui na delegacia e também não sabe o que
fazer", acrescentou. O único problema que o vigilante diz ter tido com a esposa foi uma briga
há dois anos, quando ele chegou a responder pelo crime de Maria da Penha.
"Foi briga de casal. Cheguei a cumprir uma medida protetiva, e que já foi
resolvida e o caso arquivado", afirma.
'Vivemos bem, graças a Deus'
A Inter TV Cabugi também falou com a esposa, que é apontada
como a vítima do feminicídio. Ela disse que até agora não entende o que
aconteceu. "Sobre a briga que tivemos há 2 anos, é um caso que já havíamos
dado como encerado. Foi uma briga de casal que já havíamos resolvido. Mas, pelo
crime de feminicídio, isso não é justo. A prova é que estou aqui, viva",
disse a mulher. "Estamos juntos há 7 anos e vivemos bem, graças a Deus, e nossa
relação é ótima. Acredito que tenha sido um mal entendido na Justiça", concluiu.
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