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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

DESCOBERTA CIENTÍFICA DA UFRN MELHORA EFICÁCIA PARA DIAGNÓSTICO DE DOENÇA RENAL

 

Uma nova modalidade de teste rápido para detecção de possíveis lesões renais é a nova tecnologia desenvolvida dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A descoberta é pensada para a realização de um diagnóstico precoce, bem como nos casos de acompanhamento da doença renal, e tem características de não invasividade, rapidez, melhor sensibilidade e especificidade do que a tradicional avaliação que é baseada na relação albumina e creatinina no exame urinário. Esta relação, aliás, pode apresentar-se alterada de maneira inespecífica em condições, como por exemplo, devido à alta ingestão de proteínas, esforço físico intenso, estresse, febre ou infecção aguda. “Na urina, é possível detectar proteínas renais que indicam a lesão renal, onde a proteína alvo será capturada por anticorpos específicos que se encontram imobilizados em uma membrana, sendo conhecido como método de captura ou ‘sanduíche’. Atualmente, um dos principais desafios é o diagnóstico precoce da doença renal, uma vez que a presença de albumina na urina é detectada de forma tardia, em fase onde já se tem um dano avançado em podócitos e túbulos renais, bem como a doença renal já instalada. Desta forma, a presençana urina de proteínas provenientes dos próprios podócitos, tais como a nefrina, podocina e WT-1, e dos túbulos renais, como a megalina,tem sido apontada como potenciais biomarcadores precoces da doença renal, as quais antecedem a presença da albumina na urina. Essa identificação pode ser feita através deste novo método”, explicou a cientista Adriana Augusto de Rezende, uma das inventoras da nova tecnologia.

Para termos uma ideia, aproximadamente 13 milhões de brasileiros apresentam algum grau de problema renal, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), com uma taxa de crescimento anual que gira em torno de 10%. Citados pela pesquisadora, os podócitos tem como essencial função restringir a passagem de proteínas do sangue para a urina, enquanto que os túbulos renais atuam na reabsorção tubular, essas estruturas desempenham importantes funções para a filtração sanguínea. Pontuando que o teste funciona de maneira semelhante aos conhecidos testes de gravidez, por se basear no método de detecção de proteínas na urina, Adriana esclareceu que a doença renal desenvolve-se a partir de alterações estruturais nas regiões glomerulares e tubulares, atingindo, justamente, os podócitos e túbulos renais, os quais são os principais componentes da barreira de filtração glomerular e do sistema de reabsorção tubular, respectivamente, sendo essas fundamentais funções desempenhadas pelos rins. “Uma vez danificadas, essas regiões perdem suas funções de maneira irreversível, sendo o diagnóstico precoce de suma importância para um bom prognóstico do paciente”, frisou a docente do curso de Farmácia.

A invenção rendeu o pedido de depósito de patente denominado “Teste rápido para a detecção isolada ou simultânea de nefrina, podocina, WT-1 e megalina na urina”, que tem como autores Karla Simone Costa de Souza, Marcela Abbott Galvão Ururahy, Ony Araújo Galdino, Iago de Souza Gomes, José Bruno de Almeida, César Endrigo Silva de Andrade e Maurício Galvão Pereira, além da própria Adriana Rezende. O pedido de patente é fruto de pesquisa nos Programas de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas e em Ciências da Saúde, sendo o desenvolvimento realizado no Laboratório de Biologia Molecular (LABIOMOL), coordenado por Adriana Rezende, unidade vinculada ao Departamento de Análises Clinicas e Toxicológicas do curso de Farmácia. O depósito do pedido desta patente passa a integrar o portfólio de ofertas tecnológicas da UFRN, disponível para acesso em www.agir.ufrn.br. O diretor da Agência de Inovação (Agir), Daniel de Lima Pontes, explicou que as orientações e explicações a respeito dos aspectos para patentear uma determinada invenção, neste período de pandemia, são dadas através do e-mail patente@agir.ufrn.br. “Temos percebido nos últimos anos que os professores estão com maior cuidado em proteger suas invenções através do patenteamento. Aqui na Universidade, eles contam com um cenário amplamente favorável, haja vista o suporte que a UFRN propicia neste processo”, afirmou o diretor. Adriana Rezende sublinhou, por sua vez, que as patentes acadêmicas têm ganhado notoriedade no estabelecimento de políticas públicas em um ambiente caracterizado por inovações e que é vital a aproximação da academia com o meio produtivo, como estratégia fundamental para a inovação.

Sugestão de legenda: Embora a pandemia tenha imposto a paralisação dos testes, o grupo de cientistas tem a perspectiva de retomada no primeiro semestre de 2021.

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