A safra brasileira de grãos,
cereais e leguminosas deve alcançar o recorde de 258,5 milhões de toneladas em
2021, segundo a estimativa de junho do Levantamento Sistemático da Produção
Agrícola (LSPA), divulgada hoje (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Pelo terceiro mês consecutivo,
há queda na estimativa mensal. Apesar dessa retração em relação à estimativa de
maio, a produção deste ano deve ser 1,7% superior à de 2020, que alcançou 254,1
milhões de toneladas. Segundo o IBGE, houve queda de
1,6% em relação à última estimativa, o que representam 4,2 milhões de toneladas
a menos. Assim como nos dois meses anteriores, a diminuição se deve,
principalmente, ao declínio na segunda safra do milho. Em junho, essa safra
teve queda de 4,1 milhões de toneladas (-5,6%) frente à última previsão.
De acordo com o analista da
pesquisa, Carlos Barradas, a retração é explicada pela redução da janela de
plantio do grão e pela falta de chuva em alguns estados produtores, como Goiás,
Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul. “O plantio da segunda safra do
milho atrasou por causa da demora na colheita da soja. Então, com a redução da
janela de plantio, houve uma dependência maior da ocorrência de chuvas. Com
isso, em junho, a segunda safra do milho ficou ainda mais reduzida por causa da
continuidade do clima seco nessas regiões”, afirmou Barradas, em nota. Conforme o levantamento, a
segunda safra representa 72,8% da produção do milho. Com a soma das duas
safras, o grão deve totalizar 95 milhões de toneladas em 2021. Comparado ao que
foi produzido no ano passado, houve queda de 8%, apesar de os produtores terem
investido na ampliação das áreas de plantio (6,5%) e de colheita (6,7%). O milho, o arroz e a soja são
os três principais produtos do grupo de grãos, cereais e leguminosas. Juntos,
representam 92,6% da estimativa da produção e respondem por 87,9% da área a ser
colhida. A safra do arroz deve chegar a
11,2 milhões de toneladas em 2021, queda de 1,2% frente à estimativa de maio e
aumento de 1,5% em relação ao total produzido no ano passado. De acordo com
Barradas, apesar da redução na estimativa, causada pela menor produtividade das
lavouras, a produção deve ser suficiente para abastecer o mercado interno.
Já a soja, cultura com maior
participação na produção total de grãos, deve alcançar outro recorde este ano,
com 133,3 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 0,3% em relação
ao mês anterior e de 9,7% frente ao total produzido no ano passado. “Mesmo com atraso no plantio,
a estimativa é que a produção alcance um novo recorde. O clima mais seco até
prejudicou a soja, mas, a partir de dezembro, as chuvas foram normalizadas e as
lavouras se recuperaram”, afirmou o pesquisador. Barradas destacou que, em
alguns estados, houve queda na produtividade, mas a ampliação da área de
plantio pelos produtores é um dos fatores que explicam o aumento na produção do
grão. Ainda segundo o IBGE, outra
cultura que teve crescimento em sua estimativa foi o trigo, cuja produção deve
chegar a 7,9 milhões de toneladas. Houve aumento de 0,1% frente ao estimado no
mês anterior e de 26,8% no total produzido em 2020. No ano passado, lavouras no
sul do país foram afetadas por problemas climáticos, o que reduziu sua
produtividade.
Produção do Centro-Oeste deve
cair 4,3%
Quatro das cinco grandes
regiões tiveram aumento em suas estimativas de produção em relação ao total
produzido no ano passado: Sul (10,2%), Sudeste (3,4%), Nordeste (5,3%) e Norte
(0,2%). O Centro-Oeste, que responde por 45,1% da produção nacional de grãos,
leguminosas e oleaginosas, deve ter queda de 4,3% em sua produção. Entre as unidades da
Federação, o Mato Grosso lidera, com uma participação de 27,4% na produção
total do país, seguido pelo Paraná (14,7%), Rio Grande do Sul (14,2%), Goiás
(9,2%), Mato Grosso do Sul (8,2%) e Minas Gerais (6,3%), que, somados,
representaram 80% do total nacional.