Vídeo mostra PMs atirando em suspeitos caídos (Reprodução/Reprodução)
Os dois policiais militares que foram filmados
executando dois suspeitos na Favela da Pedreira, em Costa
Barros, no Rio de Janeiro, na tarde de quinta-feira, declararam, em depoimento à
Delegacia de Homicídios (DH), que agiram em legítima defesa. O
cabo Fábio de Barros Dias e o sargento David Gomes Centeno descreveram toda a
operação e alegaram que os disparos contra os homens já caídos foram feitos para
evitar um possível ataque. A versão não convenceu os investigadores e delegados,
que autuaram os dois em flagrante por homicídio. Em suas declarações, os
dois contam uma história parecida. Por ordem do tenente-coronel Marcos
Lima, comandante do 41º BPM (Irajá), foram até a favela para combater o tráfico
e roubos de cargas e de veículos. Além deles, apenas outros três policiais
estavam no veículo blindado que saiu do batalhão.
Na Avenida Martin Luther King, próximo à região conhecida como
Bairrinho, Dias e Centeno deixaram o carro e foram a pé. Houve intenso confronto
e, próximo à escola, viram dois homens caídos. Foi quando se aproximaram para
recolher as armas – um fuzil AK-47 e duas pistolas – que estariam com os
suspeitos. Diz o cabo Fabio Dias que, neste momento – que foi filmado por um
morador da janela do Conjunto Habitacional Fazenda Botafogo, “verbalizou a
seguinte frase: ´Perdeu!’; se aproximou pelo lado do indivíduo caído ao solo,
ocasião em que o mesmo realizou um movimento brusco e o declarante pôde ver a
presença de uma arma de fogo do tipo pistola; que, diante de tal percepção,
verbalizou a seguinte frase: ‘Arma!’, a fim de alertar seu companheiro de farda,
sargento Centeno, acerca de iminente ameaça; que, ato contínuo, o declarante
efetuou um único disparo com seu fuzil; que o disparo neutralizou a ação do
indivíduo mencionado”.
No vídeo, de fato, o homem caído, Júlio César Ferreira de
Jesus, 33 anos e nenhuma anotação em sua ficha criminal, aparece ao lado do
fuzil, que é retirado pelo cabo Dias. O suspeito levanta a cabeça e recebe um
tiro. Depois, é possível ouvir um segundo disparo, mas a imagem não deixa claro
se foi disparado contra Júlio César. Neste instante, Centeno passa e segue
adiante, se aproximando do segundo homem caído ao solo. Alexandre dos Santos
Albuquerque, de 38 anos, não esboça qualquer movimento, mas leva um tiro de
fuzil. Contra ele havia cinco mandados de prisão”. Centeno declarou na
delegacia: “Que cabo Dias retirou o fuzil que estava próximo à mão de Júlio
César que esboçou uma reação de confronto, já que estava com uma pistola; que no
momento seguinte o cabo Fabio Dias efetuou um disparo contra o agressor; que o
declarante se dirigiu ao segundo homem com mais cautela; que verificou que o
mesmo portava uma pistola; que o declarante se sentiu receoso que houvesse um
ataque em seu desfavor; que para se proteger efetuou um disparo”. O sargento
Centeno e o cabo Fábio respondem a 16 inquéritos por autos de resistência (morte
em confronto).
Nenhum comentário:
Postar um comentário