Após um hacker
se passar por um integrante do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP),
na noite de terça-feira (11), a força-tarefa da Operação Lava Jato, em
Curitiba, afirma que está confirmada a possibilidade de invasores fabricarem
diálogos usando perfis de autoridades. O Ministério Público Federal
(MPF) divulgou uma nota no início da noite desta quarta-feira (12) sobre o
assunto. Segundo o comunicado, "diálogos inteiros podem ter sido forjados
pelo hacker ao se passar por autoridades e seus interlocutores".
Para a força-tarefa, a
divulgação de supostos diálogos "obtidos por meio absolutamente ilícito,
agravada por esse contexto de sequestro de contas virtuais, torna impossível
aferir se houve edições, alterações, acréscimos ou supressões no material
alegadamente obtido". Na avaliação do MPF,
informações conseguidas por meio de invasões poderão culminar em divulgação de
notícias falsas. "É necessário não
apenas identificar e responsabilizar o hacker, mas também os mandantes e
aqueles que objetivam se beneficiar desses crimes a partir de uma ação
orquestrada contra a operação Lava Jato", diz a nota.
Invasão a grupo do Telegram
do CNMP
Um hacker invadiu um grupo
do aplicativo Telegram formado por conselheiros do Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP) e afirmou que acessa "quem quiser e quando
quiser". A conversa ocorreu na noite
de terça, quando mensagens do perfil do conselheiro Marcelo Weitzel, do
Ministério Público Militar, questionaram a atuação de procuradores da
força-tarefa da Operação Lava Jato. Um dos integrantes questionou:
"Marcelo essas mensagens são suas? Não está parecendo seu estilo. Checa
teu celular aí". E ele respondeu:
"Hacker aqui. Adiantando alguns assuntos que vocês terão de lidar na
semana, nada contra vocês que estão aqui, mas ninguém melhor que eu para ter
acesso a tudo né."
Leia a nota do MPF na
íntegra:
"A força-tarefa Lava
Jato do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná vem a público informar que
as investidas criminosas contra celulares de autoridades de diferentes
instituições da República continuam a ocorrer com o claro objetivo de atacar a operação
Lava Jato.
Mais uma vez, na noite da
última terça-feira (11), um hacker passando-se por um integrante do Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP), cuja identidade virtual havia
sequestrado, entabulou conversas com outras autoridades e ainda em grupos de
aplicativos de trocas de mensagens eletrônicas. Distorcendo fatos, o hacker
enviou mensagens com o objetivo claro de desacreditar a imagem de integrantes
da força-tarefa, estimulando ainda que seu interlocutor as compartilhasse com o
viés de “queimar a imagem” dos integrantes do MPF.
A divulgação de supostos
diálogos obtidos por meio absolutamente ilícito, agravada por esse contexto de
sequestro de contas virtuais, torna impossível aferir se houve edições,
alterações, acréscimos ou supressões no material alegadamente obtido. Além
disso, diálogos inteiros podem ter sido forjados pelo hacker ao se passar por
autoridades e seus interlocutores. Uma informação conseguida por um hackeamento
traz consigo dúvidas inafastáveis quanto à sua autenticidade, o que inevitavelmente
também dará vazão à divulgação de fake news.
Após a divulgação do
primeiro comunicado da força-tarefa na noite do último domingo (9), também há
notícia de ataques a jornalistas, a integrantes do Poder Executivo e do Poder
Judiciário e a conselheiros do CNMP. Os relatos dos fatos foram incluídos nas
investigações em curso, e a força-tarefa, em virtude da continuidade dos
ataques, redobrou as cautelas de segurança.
O ataque em grande escala,
em plena continuidade, envolvendo integrantes do Ministério Público, Poder
Judiciário, Poder Executivo e imprensa, revela uma ação hostil, complexa e
ordenada, típica de organização criminosa, agindo contra as instituições da
República. É necessário não apenas identificar e responsabilizar o hacker, mas
também os mandantes e aqueles que objetivam se beneficiar desses crimes a
partir de uma ação orquestrada contra a operação Lava Jato."
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