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quinta-feira, 21 de maio de 2020

CIDADES DO INTERIOR DO RN TRANSMITEM CONTEÚDO ESCOLAR ATRAVÉS DO RÁDIO PARA ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA

Gabriel Silva, estudante em Serra Negra do Norte — Foto: Cedida
Gabriel Silva, estudante em Serra Negra do Norte — Foto: Cedida
Cidades do interior do Rio Grande do Norte estão criando alternativas para que os alunos da rede pública tenham acesso aos conteúdos educacionais neste período de pandemia do coronavírus, em que as aulas presenciais estão suspensas em todo o estado. O desafio em alguns municípios é ainda maior pela ausência de internet e computador na residência de muitos dos estudantes. Assim, o uso do rádio tem sido uma solução na transmissão de conteúdos da escola e na prática de atividades.
Salésia tem ajudado filhos e aprova aulas pelos rádios — Foto: Cedida
Salésia tem ajudado filhos e aprova aulas pelos rádios — Foto: Cedida
Um desses casos acontece no município de Serra Negra do Norte, distante cerca de 320 quilômetros de Natal. A secretaria municipal de educação resolveu criar um programa diário, o Educa Quarentena, para transmitir algumas aulas através de uma estação de rádio. "São trazidos professores que dão aulas de português, matemática, geografia, história, contação de história", resume a professora Elizandra Maria. Um dos que tem sido beneficiado com o projeto é Gabriel José da Silva, que faz o 2º ano do ensino fundamental na Escola Municipal Comandante Alvares Mariz. Para a mãe dele, Salésia Maria da Silva, o programa abrange mais estudantes sendo veiculado pelo rádio. "Isso é muito importante, porque nem todos tem internet e pelo rádio fica mais acessível, todos podem ouvir", falou Salésia. "Mesmo em casa, não perdemos a prática de fazer tarefas, ditados, resolver continhas de matemática", comentou Gabriel.
Petrúcio Ferreira é secretário municipal de educação de Serra Negra do Norte — Foto: Cedida
Petrúcio Ferreira é secretário municipal de educação de Serra Negra do Norte — Foto: Cedida
Para o secretário de educação de Serra Negra do Norte, Petrúcio Ferreira, a alternativa tem sido eficaz. "Estamos de certa forma conseguido atingir várias famílias e essas famílias realizam as atividades, que muitas vezes estão contidas no dia a dia educacional", explicou. O programa vai ao ar diariamente das 15 h às 16 h e tem a participação de professores da rede municipal ministrando as aulas. "Está sendo muito proveitoso. As crianças não tem perdido a prática do que elas aprendiam quando estavam em sala de aula, mesmo estando em casa. Está sendo cada dia uma coisa nova e incentivadora", falou Salésia, que tem outra filha que acompanha as aulas pelo rádio.

Projeto em Caicó
Em Caicó, na Região Seridó potiguar, uma alternativa semelhante foi criada pela 10ª Diretoria Regional de Educação e Cultura (Direc), que desenvolveu o programa EJA em Ação. O projeto visa atingir os alunos da Educação para Jovens e Adultos (EJA) e é transmitido diariamente com o debate de temas específicos para cada edição. "Nós fazemos 'círculos de cultura virtual'. Não são aulas exatamente. Nossa intenção não é fazer Educação à Distância (EAD). Nossa tentativa é de ficar junto com o nosso aluno", explicou a professora Iaponira Costa, que faz parte da Direc. "Chamamos de Círculo de Cultura, baseado no método Paulo Freire". A motivação para o projeto também está relacionada à ausência de internet e computadores na casa de muitos estudantes. "Os alunos de EJA são os que tem menos acesso à tecnologia. 
Iaponira Costa (de óculos) é uma das mediadoras do programa — Foto: Cedida
Iaponira Costa (de óculos) é uma das mediadoras do programa — Foto: Cedida
Quando ficamos com as escolas fechadas, pensamos na ideia de elaborarmos um projeto que fosse transmitido através da rádio", explicou Iaponira. O programa acontece diariamente e cada dia é dedicado a uma área do conhecimento, como temas sociais, humanas, exatas e linguagem. A produção conta com dois mediadores e convidados que estejam relacionados ao conteúdo que será debatido. O programa está no ar desde o dia 15 de maio. "A receptividade tem sido muito boa. A gente viu que o alcance foi bem maior e já tem outros públicos que acompanham o programa, já que fazemos a transmissão também ao vivo pela internet", explicou. "É um projeto que lembra a alguns da educação radiofônica que tínhamos em Caicó antigamente. Era o MEB (Movimento de Educação de Base)", falou Iaponira. O MEB era um projeto de educação popular desenvolvido nas Arquidioceses do Nordeste, que criaram escolas radiofônicas como método de propagação do ensino.

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