
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) vai
manter o calendário para discussão e votação do projeto que estabelece a prisão
de condenados após decisão em segunda instância (PLS
166/2018). A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (21), depois de uma
reunião de líderes na Presidência do Senado. A votação está marcada para
quarta-feira (27). No dia anterior, a CCJ promoverá uma audiência pública sobre
o projeto do senador Lasier Martins (Podemos-RS) com o ministro da Justiça,
Sergio Moro. A reunião de líderes foi convocada depois que a CCJ
da Câmara aprovou a admissibilidade de uma proposta de emenda à Constituição (PEC
199/2019) que permite a execução imediata de decisões dos tribunais
regionais federais, dos estados e do Distrito Federal. Na última quarta-feira
(20), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, determinou a criação de uma
comissão especial de 34 deputados para analisar a matéria.
Para líderes que participaram da reunião na
Presidência do Senado, o “fato novo” não muda o rito de votação do PLS
166/2018, que altera o Código de Processo Penal (CPP). Os senadores reconhecem,
no entanto, que é preciso buscar “uma aproximação” com os deputados sobre a
tramitação das duas matérias.
— A intenção é que as duas Casas possam ter
convergência em relação à proposta de prisão em segunda instância. Como esse
assunto ganhou relevância muito grande, é preciso ser feito como na reforma da
Previdência: presidentes e líderes das duas Casas sentaram e estabeleceram um
cronograma comum para evitar o dissabor de uma Casa aprovar, e a outra não —
disse o líder do DEM, senador Rodrigo Pacheco (MG). O líder da Rede, senador Randolfe Rodrigues (AP),
afirmou que “um entendimento” entre as duas Casas pode favorecer “um caminho
mais rápido para a aprovação” da prisão em segunda instância, seja por meio de
alteração da Constituição ou do CPP. O líder do PDT, senador Weverton (MA),
defende a criação de uma comissão especial do Senado para acompanhar a
tramitação da PEC 199/2019 na Câmara. Para ele, “a pressa não produz boas
leis”.
— A questão não é se vai aprovar em novembro ou
março. É um sistema bicameral. Precisamos tentar combinar um procedimento e
partir para unificar esse debate. Podemos criar uma comissão especial para a
ela [PEC 199/2019] chegar de forma madura e evoluída para votar no Senado.
O líder do governo no Congresso, senador Eduardo
Gomes (MDB-TO), reconhece que existe uma “movimentação forte” após a aprovação
da PEC 199/2019. Ele avalia que a decisão da Câmara “mexeu com as estratégias
de cada Casa”, mas defende um “entendimento estratégico” entre senadores e
deputados, mesmo que a decisão sobre a prisão em segunda instância fique para o
próximo ano.
— Estamos a três semanas do fim da sessão
legislativa. É melhor o Brasil ter um dispositivo legal consolidado no começo
de 2020 do que tentar atropelar um processo legislativo e levar a população
brasileira à mesma dúvida que essa matéria já levou o Supremo, que mudou várias
vezes de entendimento. O calendário está mantido, desde que as duas Casas não
encontrem uma tramitação mais segura e mais célere.
Fonte: Agência Senado